Inflação rebaixa nível social de 1,2 milhão de famílias no Brasil

Pesquisa realizada pela Fecomércio mostra que mais de um milhão de famílias brasileiras empobreceram nos últimos 12 meses
Da editoria de economia
Publicado em 25/09/2015 às 11:00
Pesquisa realizada pela Fecomércio mostra que mais de um milhão de famílias brasileiras empobreceram nos últimos 12 meses Foto: Foto: Reprodução/Internet


Cerca de 1,2 milhão de famílias brasileiras regrediram socialmente nos últimos 12 meses. A corrosão da renda causada pela inflação provocou, especialmente nas camadas mais pobres, a queda no padrão de vida. A estimativa é resultado de um estudo nacional feito pela Fecomércio-SP.

O estudo aponta que mais de 350 mil famílias teriam saído da classe D para a E e quase 20 mil da C para a classe D. Ainda segundo a pesquisa, apenas as que possuem uma renda superior a R$ 8.740 estão conseguindo poupar. O assessor econômico da Fecomércio, Fábio Pina, explica que a ascensão social das famílias brasileiras, conquista de tempos mais favoráveis, está comprometida.

“Infelizmente estamos dando um passo para trás. Inserimos muitas famílias no consumo, mas antes tínhamos um cenário de inflação baixa, salários acima da inflação e mais emprego. Agora, com a alta dos juros, da inflação e do desemprego, as conquistas estão em xeque”, afirma.

Um exemplo de que a vida ficou pior é o da ambulante Sandra da Silva que, ao ver que as contas não fechavam, precisou aumentar a carga de trabalho. “O que antes a gente comprava por um preço, agora não traz mais. O dinheiro da compra do mês agora é praticamente o da quinzena.” 

Além de alterar negativamente a pirâmide social, esse aumento da inflação castiga de forma mais intensa os mais pobres. É nos itens que mais pesam no orçamento das famílias de menor renda, como o transporte público, alimentação e energia, que a alta está concentrada. Ó Custo de Vida por Classe Social (CVCS), índice calculado mensalmente pela Fecomércio-SP, mostra que na segmentação por classe, os setores da base da pirâmide foram os mais afetados. Essa alta foi de 11,16% para as famílias de classe E; 11,26% para as famílias de classe D; 9,87% para a classe C; 8,82% para a classe B; e 8,73% para a classe A.

Além da inflação, fatores como a redução de crédito para a população de renda mais baixa, a redução do aumento real dos salários e até a diminuição dos recursos destinados a programas como o Fies e o Pronatec, também ampliam esse quadro de reversão da ascensão social. Um reflexo direto da redução do poder de consumo das camada menos abastadas são as compras feitas nos supermercados. Além de comprarem menos, as famílias agora estão trocando as marcas que consumiam tradicionalmente por opções mais baratas. O operador de supermercado Marcos de Souza conta que tem se surpreendido ao fazer a feira do mês. 

“Antes eu fazia minhas compras com R$ 500, para quatro pessoas. Agora, não sai por menos de R$ 800”, conta. Ao repensar as compras para driblar a inflação, os consumidores estão saindo dos supermercados com um volume de compras 2% menor, segundo pesquisa do IBGE. De acordo com o estudo da Fecomércio, um aumento ainda maior da carga tributária pode afundar ainda mais quem havia conseguido melhorar de vida. “Esse quadro está muito vinculado à realidade da economia brasileira e não temos uma perspectiva de melhora a curto prazo. O que temos é um longo caminho pela frente e as coisas vão piorar antes de melhorar. A possibilidade de aumento tributário pode agravar bastante esse quadro”, explica Fábio Pina.

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