'Imbróglio político' ameaça nota de risco do país, diz diretor do FMI

O economista Otaviano Canuto, representante do Brasil no FMI, disse que o corte da Fitch não surpreende e pouco muda o cenário
Da Folhapress
Publicado em 15/10/2015 às 20:50
O economista Otaviano Canuto, representante do Brasil no FMI, disse que o corte da Fitch não surpreende e pouco muda o cenário Foto: Foto: Marcos Santos/ USP Imagens


O economista Otaviano Canuto, representante do Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional), disse nesta quinta-feira (15) que o "imbróglio político" precisa ser resolvido para se evitar mais cortes na nota de crédito de risco do país.

Nesta quinta, a agência Fitch rebaixou a nota do Brasil de "BBB" para "BBB-", mantendo o país como grau de investimento (selo de bom pagador). A nota, porém, foi mantida em perspectiva negativa, o que significa que novos cortes podem ocorrer.

Segundo ele, o corte da Fitch não surpreende e pouco muda o cenário. "O esforço [do governo] é não perder o grau de investimento por uma segunda agência, o que obrigaria instituições a vender os títulos brasileiros de suas carteiras de investimento", disse.

A agência Standard & Poor's tirou o selo de bom pagador do Brasil em setembro, ao cortar a nota de BBB- para BB+. A agência citou na época a "falta de habilidade" e "vontade" do governo ao submeter ao Congresso um orçamento deficitário.

Canuto disse que, desde então, medidas foram anunciadas pelo governo para reverter o déficit do orçamento de 2016. Ele mencionou o pacote de corte de despesas, no valor de R$ 26 bilhões, e a proposta de recriação da CPMF.

"A equipe econômica cortou onde podia. A dificuldade é cortar mais, porque existem despesas indexadas, como ao salário mínimo. E agora estamos presos a um imbróglio político que dificulta a aprovação do ajuste [no Congresso]. É o caso da CPMF", disse Canuto.

Para o economista que participou de evento realizado pelo Ceal (Conselho Empresarial da América Latina) no Rio de Janeiro, é preciso que os "participantes do jogo político" tenham mais senso de urgência e responsabilidade.

Na semana passada, o FMI divulgou previsão de que a economia brasileira vai encolher 3% neste ano e mais 1% no ano que vem. Para Canuto, as incertezas polícias e a operação Lava Jato impactaram a economia.

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