O economista Otaviano Canuto, representante do Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional), disse nesta quinta-feira (15) que o "imbróglio político" precisa ser resolvido para se evitar mais cortes na nota de crédito de risco do país.
Nesta quinta, a agência Fitch rebaixou a nota do Brasil de "BBB" para "BBB-", mantendo o país como grau de investimento (selo de bom pagador). A nota, porém, foi mantida em perspectiva negativa, o que significa que novos cortes podem ocorrer.
Segundo ele, o corte da Fitch não surpreende e pouco muda o cenário. "O esforço [do governo] é não perder o grau de investimento por uma segunda agência, o que obrigaria instituições a vender os títulos brasileiros de suas carteiras de investimento", disse.
A agência Standard & Poor's tirou o selo de bom pagador do Brasil em setembro, ao cortar a nota de BBB- para BB+. A agência citou na época a "falta de habilidade" e "vontade" do governo ao submeter ao Congresso um orçamento deficitário.
Canuto disse que, desde então, medidas foram anunciadas pelo governo para reverter o déficit do orçamento de 2016. Ele mencionou o pacote de corte de despesas, no valor de R$ 26 bilhões, e a proposta de recriação da CPMF.
"A equipe econômica cortou onde podia. A dificuldade é cortar mais, porque existem despesas indexadas, como ao salário mínimo. E agora estamos presos a um imbróglio político que dificulta a aprovação do ajuste [no Congresso]. É o caso da CPMF", disse Canuto.
Para o economista que participou de evento realizado pelo Ceal (Conselho Empresarial da América Latina) no Rio de Janeiro, é preciso que os "participantes do jogo político" tenham mais senso de urgência e responsabilidade.
Na semana passada, o FMI divulgou previsão de que a economia brasileira vai encolher 3% neste ano e mais 1% no ano que vem. Para Canuto, as incertezas polícias e a operação Lava Jato impactaram a economia.