Neste Natal, o brasileiro pisou no freio e mudou radicalmente o hábito de consumo: vai gastar menos do que na mesma data do ano passado, elegeu as lojas virtuais como o principal lugar de compras e pretende antecipar para a Black Friday, a megaliquidação marcada para sexta-feira (27), a aquisição de eletroeletrônicos, com o objetivo de aproveitar os descontos
Este ano, quase dois terços dos mil consumidores (63%) ouvidos pela consultoria Deloitte na sua pesquisa anual sobre os hábitos de consumo no Natal informaram que pretendem desembolsar menos do que no ano anterior. Desde que o levantamento começou a ser feito, em 2010, o resultado é o maior da série no quesito redução de compras.
O corte nos gastos é generalizado e atinge todas as classes sociais, sendo mais acentuado nos estratos de menor renda: 72% nas classes D/E, 64% na classe C e 56% nas classes A/B. "O consumidor brasileiro está muito consciente da situação econômica", diz Reynaldo Saad, sócio líder da consultoria e responsável pela pesquisa. Ele observa que o resultado reflete o momento de recessão, que é completamente diferente do que ocorreu em 2011, no auge do consumo. No Natal daquele ano, 28% pretendiam desembolsar mais que no ano anterior, enquanto 39% pretendiam desembolsar a mesma quantia. "Agora, o quadro é inverso."
O gasto médio com presentes de Natal neste ano será de R$ 377,05, ante R$ 459,85 em 2014. O corte no desembolso é de 18%, descontada a inflação do período. Além disso, o número de presentes por pessoa, que historicamente sempre foi seis, caiu neste ano para cinco.
Saad explica que, de acordo com modelos usados pela consultoria, a estimativa é de que o consumo de itens no período de Natal, seguindo a classificação do IBGE do varejo restrito, que não inclui veículos e materiais de construção, atinja R$ 53 bilhões em dezembro, R$ 1,5 bilhão a menos que em 2014.
Black Friday
A maior propensão de buscar descontos é nítida quando se avalia a intenção de compras na Black Friday. Neste ano, 20% dos entrevistados informaram que vão antecipar as compras de Natal para a megaliquidação, resultado que é mais que o dobro do ano anterior (9%).
Uma novidade é que, pela primeira vez, o comércio online lidera o ranking dos canais de compra (72%), seguido pelas lojas de shoppings (54%) e lojas de departamentos (43%). "A preferência pela internet foi registrada nas classes A, B e C", diz Saad.
Segundo ele, as lojas online despontam como o lugar de compras preferido por dois motivos. O primeiro é a facilidade de comparar preços, o que ganha ênfase no quadro recessivo. O segundo motivo é a faixa etária dos entrevistados: 77% deles têm até 30 anos e cresceram usando computador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.