Ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, Helder Queiroz vê com ceticismo dois pontos do novo plano de negócios da Petrobras para o período de 2015 a 2019. Para ele, a premissa de que o barril do petróleo fechará o ano com cotação média de US$ 45 é irreal, assim como a meta de vender US$ 14,4 bilhões em ativos em 2016.
Questionado sobre qual sobre sua avaliação do ajuste do plano de investimento da Petrobras, ele diz que "a empresa tem de ficar menor mesmo. Petroleiras no mundo todo estão se adequando ao novo cenário, de baixo preço do barril do petróleo. No caso da Petrobras, a situação é ainda mais grave, por causa do problema financeiro que enfrenta. A própria conjuntura nacional obriga a estatal a se adequar".
Ainda para ele, "o que chamou atenção é o desinvestimento (meta de vender US$ 14,4 bilhões em ativos em 2016), que foi mantido. Esse é um problema central, porque em 2015 não chegou nem a US$ 1 bilhão. A Petrobras não tem controle do quanto vai conseguir vender. Parece um pouco otimista. Muitos dos candidatos (a compradores) podem ter menos apetite, porque sabem que a Petrobrás domina a cadeia do petróleo no Brasil. Mas, para o investidor estrangeiro, pode ser um bom negócio, por causa do real mais barato (ante o dólar)".
Quanto se concorda com a avaliação de analistas de que a premissa para o barril está superestimada, ele diz que "a projeção da cotação do petróleo é relevante no plano de negócios de toda petroleira. Considerando que há um excedente de petróleo no mercado e que a cotação está abaixo de US$ 40 há várias semanas, a conclusão é que a Petrobrás trabalha com estimativa irreal".
Para ele a revisão para baixo da meta de produção não preocupa por ser "uma revisão muito pequena. Não preocupa. Os poços do pré-sal estão com produtividade muito melhor, apesar de a produção em grandes reservas de Campos estar em declínio. Entre produzir nesses campos e no pré-sal, onde é mais produtiva, a Petrobrás opta pelo pré-sal. Mas ainda tem muito petróleo em Campos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo