O setor da construção quer que o governo use a totalidade dos R$ 22,7 bilhões que foram pagos ao FGTS pelas pedaladas no fim de 2015 para estimular financiamentos imobiliários. Impactado pela fuga de recursos da poupança, o crédito imobiliário ficou mais caro e restritivo no ano passado.
Outra opção seria usar esses recursos - ou uma parcela - para incrementar o fundo de investimento formado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS. A crítica que se faz a essa opção é que o fundo não conseguiu, em 2015, diante do cenário conturbado da economia e sob influência das investigações da Lava Jato, aprovar aportes para cerca de R$ 20 bilhões que tem em caixa.
Representantes do setor se reúnem na quarta-feira (20) com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, para discutir uma pauta prioritária para a construção, que costuma responder rápido aos incentivos. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, pediu à Caixa que estude formas de usar os recursos que foram pagos ao FGTS pela dívida para melhorar o foco do crédito direcionado.
A construção estima que foram fechados 450 mil postos de trabalho formais em 2015, o que faz com que o nível de emprego do segmento retorne para o patamar de 2009, quando a construção civil empregou cerca de 2,6 milhões de trabalhadores.
A expectativa é que o PIB da construção feche 2015 com queda de 8%, reflexo da redução forçada no ritmo das obras em execução (com os pagamentos em atraso) e da impossibilidade do início de novas obras diante do cenário adverso.
Uma das principais preocupações do setor que vão ser levadas ao secretário é uma alternativa para a formação de uma fonte para financiamentos imobiliários, tendo em vista a sangria de recursos da poupança em 2015 - nos 11 primeiros meses do ano, os saques superaram os depósitos em mais de R$ 58 bilhões.
No ano passado, a poupança perdeu atratividade, entre outros fatores, devido ao aumento da taxa básica de juros, que incentiva a migração dos investimentos financeiros para outros tipos de aplicação.
Além do pagamento dos atrasados - em torno de R$ 7 bilhões - de obras públicas, o setor vai pedir o apoio do governo federal para estimular obras menores por parte de Estados e municípios. "Não tem saída para o crescimento do Brasil sem retomar os investimentos", disse José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Ele afirmou que "será uma loucura" se os diretores do Banco Central decidirem aumentar a Selic em meio à crise econômica. "Se isso acontecer, o BC vai errar e aprofundar a recessão", comentou. "As pessoas não sentem confiança de financiar um imóvel com medo de perder o emprego."