Os juros futuros de curto prazo mantiveram-se em queda firme nesta quarta-feira (20) provocada pela ampliação das apostas numa decisão menos conservadora do Comitê de Política Monetária (Copom) na noite de hoje. Esse movimento, por sua vez, sustentou a alta dos vencimentos longos, endossada, ainda, pela pressão no câmbio e aversão ao risco no exterior.
Ao término da sessão regular na BM&FBovespa, o DI para abril de 2016 caía a 14,520%, de 14,598% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2017 recuou de 15,380% para 15,145%. Nos longos, o DI janeiro de 2019 fechou em 16,82%, ante 16,67%, e o DI janeiro de 2021 terminou em 16,80%, ante 16,64%. Neste dia de decisão do Copom, houve acentuado aumento da inclinação da curva (diferencial das taxas curtas e longas) e o volume de contratos negociados foi exorbitante, refletindo a zeragem de posições de comprados e vendidos em vários vértices da curva a termo, e pode crescer ainda mais amanhã.
A nota do Banco Central (BC) sobre as revisões pessimistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia brasileira, divulgada ontem, continuou hoje fazendo preço no mercado de juros.
Os investidores reforçaram a aposta de que a Selic pode não subir ou subir apenas 0,25 ponto porcentual hoje. A curva, nesta tarde, já precificava 90% de possibilidade de alta desta magnitude e 10% de chance de manutenção dos 14,25%, eliminando a aposta de aumento de 0,50 ponto porcentual que ainda aparecia até ontem. Além da decisão em si, o conteúdo do comunicado, assim como o placar, geram grande ansiedade nos players.
Sobre a nota do BC, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que o BC exorbitou de suas atribuições ao responder ao relatório do FMI. Para Jucá, a nota assinada pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, é "desnecessária", mas ressalvou não ser o caso de ele ir ao Senado se explicar.
As taxas mais longas foram alvo de forte aversão ao risco, entre eles o temor de ingerência política nas decisões do Copom. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje a blogueiros que não há necessidade no País de aumentar a taxa básica. "Nem os banqueiros querem. Temos é que aumentar o investimento ou a economia não volta a crescer", afirmou no evento realizado em seu instituto na capital paulista.