Após mais de um ano de negociações inconclusas para reestruturação da Sete Brasil, a Petrobras registrou, em 2015, perdas no valor de R$ 922 milhões com os investimentos na empresa. No balanço divulgado nessa segunda-feira (21) a companhia atribuiu as perdas à "deterioração da situação econômica e financeira" da empresa responsável pela construção e aluguel de sondas de perfuração para campos do pré-sal.
O documento cita a interrupção das obras das sondas contratadas e o "cenário de incerteza sobre as alternativas de continuidade do projeto", indicando que "não há como estimar qualquer benefício econômico futuro". No relatório financeiro de 2015, apresentado ontem, a Petrobras ainda registrou que o resultado financeiro da Sete Brasil no último ano foi um prejuízo de R$ 4,9 bilhões.
De acordo com o balanço, as perdas totais de R$ 922 milhões foram reconhecidas no resultado de equivalência patrimonial e são divididas entre a holding Sete Brasil e a participação da estatal no Fundo de Investimento em Participações - Sondas (FIP Sondas). A Petrobras tem participação de 5% na holding e também no FIP Sondas.
Nas notas explicativas, a estatal detalha apenas uma parte das perdas: R$ 172 milhões na Sete Brasil e R$ 155 milhões no FIP Sondas. Além disso, a companhia reconheceu perdas de R$ 54 milhões somente na construção da sonda Arpoador após testes de impairment em investimentos da subsidiária Petrobras Netherlands B.V, da Holanda.
"Em decorrência da deterioração da situação econômica e financeira da Sete Brasil, da interrupção de grande parte das obras do projeto, bem como do cenário de incerteza sobre as alternativas de continuidade do projeto, neste momento, não há como estimar qualquer benefício econômico futuro para este investimento", diz a nota explicativa no balanço da Petrobras.
O documento afirma também que a estatal continuará "acompanhando a evolução dos negócios da Sete Brasil e, assim que houver uma definição sobre o Plano de Negócios, uma nova análise será efetuada e os efeitos serão refletidos".
Petrobras e Sete Brasil negociam há mais de um ano a reestruturação do contrato de construção de sondas de perfuração, sem sucesso. O último impasse entre as empresas envolve a duração dos contratos e o valor do aluguel das plataformas - ponto chave para a viabilidade econômica da Sete Brasil.
A empresa deve mais de R$ 14 bilhões a bancos e estaleiros responsáveis pela construção das sondas. A sonda Arpoador, citada no balanço da Petrobras, tem 84% de avanço físico - é a segunda mais avançada. Ainda não há definição sobre o destino da sonda, que poderá ser usada para pagar credores caso seja aberto um processo de recuperação judicial.
O tema será pauta em reunião de acionistas e credores da Sete Brasil no próximo dia 28. Desde janeiro, entretanto, os maiores credores propõe a abertura do processo, mas são derrotados em votação pela Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.