Em discurso de forte teor político a empresários cariocas, o secretário executivo do Programa de Parceria e Investimentos (PPI), Moreira Franco, creditou à gestão da presidente afastada, Dilma Rousseff, a "desorganização econômica" do País. Segundo ele, a situação atual é "extremamente grave e disseminada por toda a economia". Franco indicou que a prioridade do governo interino é retomar a confiança e parcerias com empresários para gerar empregos.
"A situação econômica a que nos levaram é extremamente grave. A gravidade não está localizada no setor A ou B, mas disseminada no conjunto da economia brasileira. Esse conjunto perdeu sua autoestima, a confiança no próprio País", afirmou Franco em evento da Associação Comercial do Rio. "A única maneira de termos uma solução adequada para esse problema é crescer. Para crescer, precisa de investidor. Para ele vir, precisa ter confiança."
Ex-ministro de Dilma, Moreira Franco afirmou que a presidente afastada conduzia o País de forma "centralizada e ideológica", afetando a viabilidade de negócios. Segundo ele, a falta de credibilidade no País atingiu sua "exacerbação no final do governo Dilma", indicando acreditar na confirmação do impeachment no Senado.
"Os ministros perderam autoridade política. A tomada de decisões era absolutamente solitária, sem que houvesse contraditório, lastro técnico, circulação das informações e das razões pelas quais as decisões eram tomadas", afirmou. "A desacreditação era tanta que se achava que as coisas aqui eram feitas de arranjos e não do cumprimento de normas", completou.
Responsável pelo programa de concessões de aeroportos no primeiro mandato de Dilma, Moreira Franco ainda afirmou que a "metodologia de ação nas concessões foi altamente destrutiva para a ordem econômica". Segundo ele, as decisões tentavam "substituir a aritmética pela ideologia".
"Temos um quadro de concessões quase todas em grande dificuldade Sem recursos, empresas como Infraero e Valec estão quebradas", afirmou o ex-ministro. Principal nome do programa de concessões do governo interino, Moreira Franco indicou que a determinação é "não criar uma nova matriz econômica".
"Queremos encontrar o caminho mais seguro, com compromisso com a razoabilidade para retomar o crescimento, gerar empregos, garantir a confiança aos brasileiros", afirmou.
Segundo ele, os parâmetros de concessões não terão mais "o objetivo de melhorar no passado ou de prestar serviço de melhor qualidade para o cidadão brasileiro". "Lamentavelmente, na situação econômica que vivemos, esses são subprodutos do esforço que vamos fazer. O objetivo primeiro é gerar empregos. Sem a participação do empresariado, nós não teremos sucesso."