Comprar o feijão preto para fugir do alto preço do mulatinho – atualmente custando entre R$ 10,38 e R$ 16 nas prateleiras dos supermercados – não é mais tão vantajoso para o consumidor, que já vê o preço do primeiro tipo disparar.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), o consumo do feijão preto cresceu cerca de 30% em todo o Brasil depois do início da alta do mulatinho (ou carioca), no final de maio, gerando dificuldade dos fornecedores em atender à grande demanda e obrigando as indústrias a importar o grão em grande volume.
No caso do feijão preto, a média de preços praticada na Região Metropolitana do Recife (RMR) está variando entre R$ 7 e R$ 10.
O aumento é de cerca de 34,23% em relação a apenas quinze dias atrás de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor amplo (IPCA-15), divulgado pelo IBGE. No ano passado, o mesmo quilo do feijão custava cerca de R$ 4,50 nos supermercados.
“Para se ter ideia, normalmente importamos cerca de 10% do feijão preto consumido no Brasil. Atualmente, essa taxa está em cerca de 90%. Como várias indústrias tem buscado o produto de fora, o preço subiu”, endossa o presidente do Ibrafe Marcelo Lüders.
As importações tem como pontos de partida a China, os Estados Unidos e a Argentina.
Apesar de muitos produtores apostarem que até agosto o preço do feijão carioca se estabilizaria, causando, consequentemente, uma baixa também no preço do feijão preto, a Bahia, responsável pelo abastecimento de praticamente todo o Norte e Nordeste do Brasil, não recebe chuvas há 11 dias, o que pode prejudicar mais uma vez a safra.
“Se a seca persistir, é possível que não tenhamos grande oferta de feijão, e os consumidores terão de esperar outro ciclo para ter preços melhores”, aponta o gerente nacional da Josapar, marca responsável pelo Feijão Biju, Rodrigo Gross.
Ainda no segundo semestre deste ano, inclusive, é possível que haja novos aumentos. “A estabilidade do feijão só deve chegar mesmo em janeiro ou fevereiro do próximo ano. Tudo depende das políticas do governo Federal e também do clima”, diz o presidente do Ibrafe.
De acordo com o empresário Railson Benjamin, da Oásis Alimentos, grupo responsável pela marca de feijão Turquesa, o feijão macassar também está sendo atingido pela alta de preços, inclusive maior que a do mulatinho, mas a percepção é menor para o consumidor, pois este tipo é o menos consumido e também o mais em conta dos três.
“É uma cadeia. Com a falta de abastecimento do feijão carioca, os consumidores passam a procurar outros tipos, e o macassar aumentou cerca de 35%, e pode chegar a custar até R$ 6,50 para o consumidor final”, comenta.