Petrobras passa a se reunir com grandes companhias

De acordo com a petroleira, o objetivo do fórum é disseminar a cultura de risco nas maiores companhias do País
Estadão Conteúdo
Publicado em 11/10/2016 às 12:49
De acordo com a petroleira, o objetivo do fórum é disseminar a cultura de risco nas maiores companhias do País Foto: Foto: Heudes Regis/JC Imagem


No centro das investigações da Operação Lava Jato, a Petrobras tem promovido, desde junho do ano passado, uma série de mudanças na sua estrutura corporativa para tentar evitar novos casos de corrupção. Há duas semanas, a diretoria de Governança, Risco e Conformidade promoveu o primeiro Encontro de Gestores de Risco, reunião que contou com a presença de executivos de dez grandes empresas, como Vale, Shell, Samarco, Fibria, Banco do Brasil e Votorantim.

 

De acordo com a petroleira, o objetivo do fórum é disseminar a cultura de risco nas maiores companhias do País e discutir os impactos que as novas regulações - como a Lei das Estatais e a Anticorrupção - têm em seus respectivos negócios.

Os três pilares que sustentam a Política de Riscos da Petrobras - decisões colegiadas, punições a empregados e criação de uma auditoria externa para apurar denúncias de irregularidades - serviram de referência para o encontro da estatal com as outras companhias. A ideia é que o fórum seja permanente e que as reuniões aconteçam a cada seis meses. A reunião permite que gestores troquem experiências e, a partir daí, apresentem sugestões para melhorar o setor de riscos em cada empresa.

Segundo Carlos Alberto Rechelo, gerente-executivo de riscos da estatal e responsável, junto com o diretor João Elek Junior, por refazer as políticas de governança da Petrobras, as empresas estão vulneráveis a fraudes quando o mesmo funcionário que assume o risco das operações fica responsável por monitorá-lo.

"Esse é um componente comum em todas as crises que observamos em diversos bancos e empresas", diz Rechelo, ao lembrar que a empresa começou a reforçar, em julho do ano passado, a segregação de função entre os que tomam risco e os que monitoram seus resultados. "Na verdade, o gestor de risco da Petrobras é apenas quem 'aperta o botão vermelho'. Até lá, nos preocupamos que ele tenha todos os elementos necessários para tomar uma boa decisão."

Equívocos

O departamento de governança corporativa não chega a ser uma novidade na estrutura administrativa da Petrobras. Antes da Lava Jato, contudo, a presença de profissionais dedicados à análise de risco não impediu que a petroleira tomasse uma série de decisões que se mostraram "malsucedidas" e que causaram prejuízos bilionários, conforme avaliou em entrevistas recentes o atual presidente Pedro Parente.

Segundo ele, as gestões anteriores erraram ao "endeusar" os campos do pré-sal e ao apostar na construção das refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará.

Rechelo, no entanto, prefere não avaliar os problemas do passado À frente de uma equipe de 80 profissionais - metade deles com menos de 35 anos - o gerente garante que, agora, a gestão de risco da maior estatal do País trabalha de maneira mais "robusta". "A área de risco analisa todos os projetos junto com os gestores responsáveis, e os orienta sobre possíveis ameaças", destaca. "Estabelecemos um conjunto de elementos de governança para blindar a empresa de interferências políticas e tornar suas decisões as mais transparentes possíveis", diz.

As mudanças na gestão já tiveram reflexos na visão do mercado financeiro sobre a companhia. Na última sexta-feira, 7, a estatal voltou a estar entre as três maiores empresas do País listadas em Bolsa. Segundo dados da Economática, a Petrobras alcançou um valor de mercado de R$ 211,637 bilhões e passou a ter o segundo maior valor de mercado.

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