O Brasil mantém historicamente uma parceria comercial com os Estados Unidos, apesar da política protecionista norte-americana. Responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o país é uma das locomotivas do comércio global. De janeiro a outubro deste ano, a corrente de comércio entre os dois países totaliza US$ 38,4 bilhões. É o segundo maior negociador com o Brasil, atrás apenas da China (US$ 49,9 bilhões).
A balança comercial é deficitária para o Brasil, mas em pequena escala. Nos dez primeiros meses deste ano embarcamos US$ 18,8 bilhões para os Estados Unidos e compramos US$ 19,6 bilhões deles. Daqui eles importam aviões, turborreatores, petróleo e café; enquanto nos vendem óleo diesel e produtos químicos.
Um dos exemplos mais recentes das barreiras norte-americanas aos produtos brasileiros é o do aço. Em setembro deste ano, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, anunciou que o Brasil vai acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para derrubar medidas tarifárias que os Estados Unidos estão impondo à importação do aço brasileiro laminado a frio e a quente. Isso porque em março o Departamento de Comércio dos Estados Unidos concluiu que várias companhias violaram regras antidumping no mercado norte-americano e decidiu impor tarifas preliminares de importação a produtos de sete países, incluindo o Brasil, que teve o produto taxado em 38,93%.
“Os Estados Unidos são um player no mercado internacional e nenhum país quer ficar de fora nas relações com eles. Os democratas tendem a ter uma postura mais favorável ao livre comércio. Já os republicanos são nacionalistas e defendem a manutenção da indústria local e dos empregos, pelo menos no discurso”, reforça o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ecio Costa.
Em seus discursos, Trump deixou claro o endurecimento do protecionismo. Em um deles, destacou que os países “amigos” estão dependentes demais dos EUA e que a indústria local não vai mais perder empregos para países como China e México.
O vice-presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Renato Cunha, recorda que os republicanos já foram menos protecionistas, mas que essa lógica se inverteu. “Hoje Hillary é mais flexível. Quando foi secretária no governo Obama ela ajudou a negociar a Parceria Transpacífica (que irá cortar barreiras comerciais em 12 países, incluindo os EUA), embora atualmente os dois candidatos sejam contra”, recorda Renato Cunha.