O dólar avançou pela quarta sessão consecutiva frente ao real nesta sexta-feira (25) diante de preocupações sobre o impacto da crise política nas propostas econômicas no País. O novo capítulo da turbulenta política brasileira já resultou na saída de dois ministros e acusações contra o presidente Michel Temer, levando a divisa norte-americana aos R$ 3,4663 (+2,14%) na máxima do dia do segmento à vista. Ao longo da sessão, o estresse do mercado foi atenuado, com movimentos técnicos, enquanto a crise em Brasília era digerida, o que não significou, entretanto, que a confusão tenha chegado ao fim. Com isso, o valor de fechamento foi de R$ 3,4074 (0,40%). O giro, elevado para uma emenda de feriado nos EUA, foi de US$ 1,201 bilhão.
No segmento futuro, o contrato de dólar para dezembro encerrou em alta de 0,62%, aos R$ 3,4190, com movimentação de US$ 13,338 bilhões. No maior valor da sessão, a ativo chegou aos R$ 3,4730 (+2,21%).
O início do dia foi de estresse, com o dólar nas máximas. Os ativos nacionais reagiram à notícia de que o presidente Michel Temer teria sido acusado de tráfico de influência pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Em depoimento à Polícia Federal, Calero teria dito que foi "enquadrado" pelo presidente depois de ser pressionado pelo então ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Viera Lima, para liberar o desenvolvimento de um projeto imobiliário na Bahia.
Intensificada a crise em Brasília, Geddel pediu demissão do cargo, trazendo alguma amenização na alta do dólar. A leitura entre especialistas é que o pedido de demissão de Geddel alivia, mas não encerra a crise política em Brasília. A demora do Planalto em tomar uma decisão mais definitiva alimentou preocupações sobre a capacidade do governo em lidar com temas delicados, como poderá ser o caso da reforma previdenciária.
A turbulência na capital pode ser amplificada pelo ambiente de tensão, trazido pelas discussões de parlamentares sobre anistia à prática de Caixa 2 e pelo acordo de delação premiada da Odebrecht.
Nesta sexta-feira, mesmo diante da crise política, o Banco Central se manteve ausente do mercado de câmbio. Parte do mercado acreditava que a autarquia poderia anunciar leilão de swap tradicional hoje de modo a aliviar a pressão; no entanto, com a atenuação do movimento no câmbio, essa expectativa foi perdendo força.