Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) retomaram na ata de seu último encontro, a ideia de que o comportamento dos preços segue favorável, com desinflação difundida inclusive nos itens da área de serviços, qualificados no documento como os "componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária".
Ao mesmo tempo, o colegiado repetiu a avaliação, contida no comunicado publicado na quarta-feira passada, logo após a reunião, de que, "até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários".
O BC reconheceu, nos últimos meses, que a crise política, desencadeada por delações de executivos da JBS que atingem o presidente Michel Temer, aumentou a incerteza em relação ao andamento das reformas no Congresso - em especial, a da Previdência. No entanto, a instituição vinha alertando que o aumento da incerteza poderia ter efeitos de curto prazo inflacionários ou desinflacionários.
Na ata divulgada nesta terça-feira (1), o BC indica que, até o momento, não há predominância de nenhum destes efeitos.
Os membros do Copom citaram, na ata de seu último encontro, "a evolução favorável recente da economia global, sem que isso venha pressionando as condições financeiras nas economias avançadas".
De acordo com o colegiado, permanecem no cenário riscos associados ao processo de normalização da política monetária em economias centrais e aos rumos da economia chinesa, "com possíveis impactos sobre o apetite ao risco por ativos de economias emergentes".
Apesar dos riscos descritos pelo Copom ao abordar o ambiente global, os membros do colegiado retomaram uma ideia contida em documentos anteriores: a de que "a economia brasileira apresenta hoje maior capacidade de absorver eventual revés no cenário internacional, devido à sua situação mais robusta de balanço de pagamentos e ao progresso no processo desinflacionário e na ancoragem das expectativas".
O Copom diz ainda que o fato de a atividade global estar se recuperando gradualmente sem pressionar as economias avançadas "contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes". "Além disso, houve arrefecimento na possibilidade de mudanças de política econômica em alguns países centrais", acrescentou o colegiado.
O BC avaliou, na ata, que o conjunto dos indicadores de atividade econômica permanece compatível com estabilização da economia brasileira no curto prazo e recuperação gradual. O BC não fala mais, porém, numa recuperação gradual ao longo do ano, como na ata de junho passado.
No documento agora divulgado, o BC avalia que o recente aumento da incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia impactou negativamente índices de confiança dos agentes econômicos. Segundo o Banco Central, a informação disponível sugere que o impacto dessa queda de confiança na atividade tem sido, até o momento, limitado.
A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego, avaliou o Copom.