O ministro da Economia, Paulo Guedes, advertiu nesta quinta-feira que o Brasil deixará o Mercosul caso o peronista Alberto Fernández chegue ao poder e queira fechar a economia do bloco, que acaba de fechar um acordo comercial com a União Europeia (UE).
''O Mercosul é um veículo para a gente abrir a economia. E, se a Kirchner entrar e quiser fechar, a gente sai do Mercosul'', disse Guedes em São Paulo, referindo-se à ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, companheira de chapa de Fernández.
''Vamos abrir [a economia] de qualquer jeito'', acrescentou o ministro.
O candidato peronista é o grande favorito para a eleição de 27 de outubro, após o duro revés para o presidente neoliberal Mauricio Macri nas primárias do último domingo.
Guedes se soma, portanto, ao apoio aberto manifestado pelo presidente Jair Bolsonaro a Macri, em uma atitude de ingerência criticada por analistas e diplomatas.
Bolsonaro já adiantou nesta semana que a relação Fernández será ''conflituosa'', o que poderá atingir o Mercosul e o acordo comercial do bloco com a UE, assinado em junho depois de 20 anos de árduas negociações e que ainda precisa ser ratificado.
Fernández afirmou em julho que o acordo foi ''anunciado precipitadamente'' para beneficiar eleitoralmente Macri e que o revisará caso chegue ao poder.
Guedes disse ainda que a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o eventual agravamento da crise na Argentina não impedirão a recuperação econômica do Brasil.
A Argentina é o terceiro parceiro comercial do Brasil, depois de China e Estados Unidos.