O diretor de Política Monetária e Política Econômica do Banco Central (BC), Bruno Fernandes, reiterou nesta quarta-feira (27) que a instituição não atua no mercado de câmbio para perseguir um nível específico, mas, sim, para prover liquidez quando há "mau funcionamento" no mercado.
"É o nosso dever. O BC entende que fez isso em agosto, fez isso com os dois leilões de ontem, foi uma dinâmica parecida, no pior novembro em muitos anos, com o mercado especulando em cima de highlights, declarações, sem fundamento. Então, o BC achou bem por bem intervir, olhando o mau funcionamento, não o nível de câmbio", explicou Fernandes, participante de seminário da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento e Mercado de Capitais (Apimec) em São Paulo.
O diretor ressaltou ainda que, se o mercado não operar adequadamente, o BC fará uma nova intervenção. Ele afirmou também que o objetivo da instituição não é zerar a carteira de swap, mas sim prover liquidez naquilo que for mais demandado pelo mercado naquele momento. "Faremos isso até o ponto em que o mercado der sinais de que não precisa mais", disse.
As declarações de Fernandes reforçam afirmações feitas na terça pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Em Brasília, o dirigente disse que o BC voltará a intervir no mercado se identificar movimentos "disfuncionais" na cotação da moeda.
"Se amanhã (hoje) o BC entender de novo que há um movimento disfuncional e que há gap de liquidez, voltaremos a fazer intervenção. Mas essas intervenções não têm capacidade de alterar movimentos de longo prazo, que tem como origem bases macroeconômicas. Elas apenas atenuam o movimento de curto prazo", disse Campos Neto.
O diretor de Política Monetária e Política Econômica do Banco Central afirmou ainda nesta quarta-feira que os Estados Unidos vivem situação semelhante à de 1998 e acredita que há espaço hoje para que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), a exemplo do que ocorreu naquele ano, promova estímulos.
"Os EUA estão crescendo há dez anos, o desemprego está na mínima histórica e mesmo assim o Fed não consegue chegar de forma consistente à meta de inflação. Em 1998, o Fed deu estímulos em fase parecida com a atual. Houve momento em que a curva de juros 'flatou' e a recessão começou a ser discutida, mas demorou a chegar de fato. Tendo a crer que podemos viver coisa parecida", disse ele.
Em relação à possibilidade de uma recessão, Serra disse que processos recessivos são normais e reiterou que não está no papel de fazer projeções. "Mas tendo a achar que há espaço para o Fed prover estímulos que deem sobrevida ao ciclo (atual), o que tende a ser bom para emergentes, como nós", afirmou.