TCU aponta R$ 368 milhões em irregularidades na Refinaria Abreu e Lima

Fiscalização também encontrou problemas nas obras do Ramal do Agreste. No Brasil, foi recomendada a paralisação de quatro empreendimentos
Do JC Online
Publicado em 06/11/2014 às 8:24
Fiscalização também encontrou problemas nas obras do Ramal do Agreste. No Brasil, foi recomendada a paralisação de quatro empreendimentos Foto: Guga Matos/JC Imagem


O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o relatório que encontrou irregularidades de R$ 969,5 milhões entre julho de 2013 e junho de 2014 em obras públicas com recursos federais. Das 102 fiscalizações que compõem o chamado Fiscobras, dez foram feitas em Pernambuco, entre elas o Ramal e a Adutora do Agreste e a construção da Refinaria Abreu e Lima.

Esta última foi a única obra avaliada com indícios de irregularidades graves e com recomendação de retenção parcial de valores. Segundo o ministro responsável pelo relatório, Bruno Dantas, cláusulas de reajustes estariam provocando desequilíbrio em contratos da refinaria. “O valor possível do dano é R$ 368 milhões, dos quais R$ 243 milhões já teriam sido indevidamente pagos”, afirmou,

Também foi destaque no documento a obra do Ramal do Agreste, que abrange terrenos dos municípios de Sertânia e Arcoverde. De acordo com o TCU, os quantitativos dos serviços de transporte de água para terraplanagem e aterro compactado dos sistemas viários dos canais foram superestimados em aproximadamente R$ 27 milhões no edital.

A Corte ainda recomendou ao Congresso a paralisação de quatro projetos de infraestrutura que constam no relatório: a construção da Vila Olímpica de Parnaíba (PI) e do Complexo Materno de Teresina (PI) ; o controle de inundações, urbanização e recuperação ambiental das bacias dos Rios Iguaçu/Botas e Sarapuí, na Baixada Fluminense (RJ) e a implantação e pavimentação da BR-448, no Rio Grande do Sul. "Em duas dessas obras, os indícios de irregularidade já haviam sido apontados anteriormente", observou Dantas.

O achado de auditoria mais recorrente em obras de saúde e educação foram atrasos injustificados, 153 no total. Nas demais áreas, o achado mais recorrente foi projeto básico deficiente, sendo 23 no total.

As informações do Programa de Fiscalização de Obras do TCU subsidiam a Comissão Mista de Orçamento do Congresso na distribuição de recursos para o ano seguinte. No total, foram fiscalizadas obras no total R$ 12,3 bilhões. O presidente da Corte, o ministro Augusto Nardes, observou que o relatório evidencia falhas de governança na gestão das obras. "É evidente que se instala a corrupção com eficiência quando não se tem boa governança", disse o presidente ao avaliar o relatório feito por Dantas.

HISTÓRICO - O TCU fiscaliza as obras da Refinaria Abreu e Lima desde seu início, em 2008, e já apontou irregularidades graves em mais de vinte contratações. “Dentre os principais achados já apontados pelo TCU, merecem destaque os indícios de sobrepreço/superfaturamento em seis contratações e as falhas de projeto identificadas nas obras”, aponta o relatório Fiscobras 2014. Além da refinaria de Abreu e Lima, o TCU também investiga a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2007.


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