A mobilização dos médicos contra o plano de saúde Camed Vida em Pernambuco pode ganhar reforço. Nesta quinta-feira (13), a Comissão de Honorários Médicos do Estado reúne-se com a categoria na sede do Sindicato dos Médicos e pode aprovar a suspensão dos atendimentos eletivos (quando o paciente faz marcação do serviço) de angiologistas, cirurgiões vasculares e endovasculares, otorrinos e cardiologistas com atuação em ergometria. Desde o dia 4 de fevereiro, ou seja, há mais de um mês, foram paralisados procedimentos de radiologia e ultrassonografia. Só estão acontecendo estes atendimentos nas urgências e emergências.
Médicos acusam o plano de saúde de descredenciar profissionais unilateralmente. Segundo o presidente da Comissão de Honorários Médicos de Pernambuco e coordenador nacional das Comissões Estaduais de Honorários Médicos pela Associação Médica Brasileira (AMB), Mário Lins, o desentendimento começou quando a categoria rejeitou desconto de 20% na tabela de honorários.
“O médico não pode ser tratado como sapato velho. Este impasse está perdurando por falta de diálogo do Camed. Eles apenas argumentam que fazem redimensionamento da rede. Queremos o recredenciamento”, reclama Lins. Ele não soube precisar quantos profissionais sofreram descredenciamento. “Dezenas”, resumiu. Segundo a assessoria de imprensa do Camed Vida, foram descredenciadas quatro das 25 clínicas de imagem.
Circulam no mercado informações de que há cerca de oito meses o Camed Vida vem apresentando problemas financeiros, tanto que está negociando a venda de parte da sua carteira de beneficiários para a Unimed Fortaleza. O pedido de transferência foi enviado à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no início do mês passado.
No meio do cabo de guerra entre médicos e a empresa, estão aproximadamente 48,6 mil usuários. O Camed Vida é o braço do grupo Camed que atende aos clientes individuais, diferente do Camed Saúde, que presta serviço aos funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), para quem não houve qualquer problema.
OUTRO LADO
O plano de saúde Camed Vida classificou a mobilização dos médicos de “ilegal”. Em nota enviada à reportagem, a empresa argumentou que “a iniciativa de descredenciamento entre empresas é uma prática comum no mercado de saúde suplementar e está prevista em contrato sob a condição de que o prestador seja comunicado previamente em um prazo de 60 dias, medida devidamente cumprida pela operadora”.
Segundo a diretora de Promoção e Assistência à Saúde da operadora, Emanuella Faheina, a decisão de descredenciar quatro das 25 clínicas de imagem foi resultado de um estudo para adequação da rede. Como o Camed Vida suspendeu a comercialização de planos individuais, não viu necessidade de manter a rede do tamanho em que estava. Ainda de acordo com ela, foram utilizados critérios como localização das unidades.
“A Camed Vida está à disposição para dialogar com a categoria visando a normalização do atendimento aos seus clientes o mais breve possível, preservando, contudo, a prerrogativa de exercer gestão sobre sua rede credenciada”, completa a nota.
A diretora orientou os usuários que necessitam marcar exames de imagem a entrar em contato diretamente com a operadora através das unidades físicas de atendimento, do site (www.camed.com.br), que dispõe de um canal de comunicação online e da central de atendimento (0800-704-7886).
Ela atribuiu a mobilização dos médicos a uma tentativa de “reserva de mercado”.
Emanuella Faheina confirmou que foi pedida autorização à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para vender parte da carteira de clientes da operadora, mas ressaltou que o atendimento será normal por meio da Camed Vida enquanto o processo está sendo apreciado pela ANS e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em nota, a ANS informou que a operadora deverá oferecer outra opção para o atendimento de exames e lembrou que o descredenciamento de hospitais depende de autorização prévia da agência. O órgão orientou os beneficiários que se sentirem lesados a denunciar irregularidades por meios dos canais do órgão: por telefone, no número 0800-701-9656, pelo site, no endereço www.ans.gov.br, ou presencialmente em um posto de atendimento.
Ainda de acordo com a nota da agência, a multa caso a operadora não ofereça outra opção de prestador será de R$ 80 mil.