A primeira hidrelétrica do São Francisco foi feita por Delmiro Gouveia

Foi a Usina de Angiquinho que começou a funcionar em 1913
Do JC Online
Publicado em 14/12/2014 às 9:05
Foi a Usina de Angiquinho que começou a funcionar em 1913 Foto: Acervo/ JC Imagem


“Delmiro deu a idéia. Apolônio Aproveitou. Getúlio fez o decreto. E Dutra realizou. O presidente Café. A usina inaugurou”. Esses versos fazem parte da música Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, e cita as pessoas que ajudaram a concretizar a primeira grande hidrelétrica do Nordeste. Tudo começou com o empresário cearense Delmiro Gouveia que construiu a hidrelétrica de Angiquinho, em 1913. Foi a primeira a aproveitar as águas do São Francisco para gerar energia. A ideia dele era construir mais hidrelétricas no local, projeto interrompido com o seu assassinato em 1917.

Depois disso, foram realizados vários estudos no sentido de concretizar uma grande hidrelétrica no São Francisco. Até que um pernambucano de Altinho, Apolônio Sales, foi nomeado ministro da Agricultura no governo Getúlio Vargas em 1942. Após dois anos, Apolônio entregou um anteprojeto da criação da Chesf,que aproveitaria o potencial hidrelétrico de Paulo Afonso, ao presidente Vargas, o qual assinou um decreto criando a estatal. A saída abrupta de Vargas adiou a fundação da Chesf, mas o projeto continuou.“Paulo Afonso será, sem dúvida, uma redenção para o Nordeste e Pernambuco. A presença da energia abundante e permanente a preço razoável é fator decisivo na expansão industrial de qualquer País”, defendeu o então senador Apolônio Sales no Jornal do Commercio de 06 de novembro de 1954. A hidrelétrica era apontada como o empreendimento que deixaria o Nordeste com autonomia na produção de energia.

Até então, a construção de Paulo Afonso foi o maior investimento realizado no Nordeste de uma única vez. A usina de Paulo Afonso I custou US$ 38 milhões num valor divulgado em 1955. É difícil estimar quanto o que seria hoje porque teria que ser contabilizada a inflação desse período. “Desse total, cerca de US$ 15 milhões foram emprestados pelo Banco Mundial”, diz o engenheiro aposentado Luiz Fernando Motta Nascimento, que acompanha a Chesf há 65 anos.


Ele tem grandes recordações de Paulo Afonso no final dos anos 40 e 50 do século passado. “Estudei na escola primária de Paulo Afonso que era mantida pela Chesf e pelo Estado da Bahia. A Chesf complementava o salário dos professores, dava a farda, o sapato e a merenda. Já no ginásio, os professores eram os funcionários da Chesf, que não recebiam por isso. Os professores de matemática eram engenheiros. O de inglês, o tradutor oficial da empresa, Claudio Melo, que incentivava a gente a ler a Time (revista americana)”, lembra, acrescentando que acompanha a Chesf há 65 anos. Quando criança, ele andou por dentro dos túneis de Paulo Afonso ainda em construção.

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