Contax entra com pedido de desinterdição da unidade de Santo Amaro, no Recife

Ministério do Trabalho interditou unidade desde a noite da teça-feira
Da editoria de economia
Publicado em 22/01/2015 às 7:00
Ministério do Trabalho interditou unidade desde a noite da teça-feira Foto: Foto: Edmar Melo/JC Imagem


Depois de ter sua maior unidade de teleatendimento no Brasil interditada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na noite da última terça-feira (20), no bairro de Santo Amaro, no Recife, a Contax ingressou na quarta-feira com um pedido administrativo para tentar reverter a suspensão. Nesta quinta, os auditores do trabalho voltam à unidade para verificar se a empresa cumpriu as exigências e se poderá voltar a funcionar. Com 14 mil funcionários, o site presta serviço de call center para quatro bancos (Bradesco, Itaú, Santander e Citibank) e três operadoras de telefonia (Oi, Vivo e NET).

“A interdição só será suspensa depois que a Contax tornar o ambiente de trabalho digno. Uma das exigências é o fim do controle de horário para ir ao banheiro e tomar água. Também estão na lista a limpeza do ambiente e a oferta de geladeiras para guardar refeições. Outro ponto é o fim do script das falas, que robotiza o atendimento, e do sorriso na voz”, enumera a auditora do trabalho e coordenadora da operação do MTE, Cristina Serrano.

Os operadores da Contax só podem fazer um intervalo de cinco minutos para ir ao banheiro, num expediente de seis horas de trabalho. A ida ao sanitário é cronometrada na tela do empregado e acompanhada por um supervisor. Se passar do horário, o trabalhador recebe punição. Como só recebem R$ 4,50 de ticket alimentação, muitos levam refeições de casa, mas não existe geladeira ou fogão para esquentar a comida. O resultado é ingerir alimento mal acondicionado e adoecer.

Ontem, o MTE realizou uma audiência institucional para apresentar um relatório da operação, que começou a 2 anos. São 202 páginas relatando os achados da fiscalização. O trabalho será entregue aos bancos e operadoras de telefonia atendidas pela Contax, além de instituições como Ministério Público do Trabalho, Sindicato da Categoria, Advocacia Geral da União e entidades afins. Nenhum representante da empresa participou da audiência, mas tiveram uma reunião reservada com o MTE após o encontro.

De acordo com o MTE, representantes da sede da empresa, em São Paulo, fretaram avião na noite da terça-feira para amanhecer ontem no Recife. Procurada pelo JC, a Contax informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que "considera arbitrário o ato da fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Site Santo Amaro e está tomando todas as medidas cabíveis para normalização da operação". 

Mesmo com a interdição da unidade da Contax em Santo Amaro, os funcionário tiveram a garantia que não terão descontados os dias que passarão em casa. O setor de RH da Contax informou que os empregados voltarão a ser convocados. “Se tivesse que usar apenas uma palavra para resumir o teleatendimento, definiria como desumano”, diz o diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco (Sinttel), Eduardo Veras, que participou da audiência de ontem.

A interdição de uma unidade de call center é inédita no Estado. “Isso geralmente acontece quando há um risco iminente de acidente, no caso da indústria. Num serviço como esse, o risco iminente era de adoecimento. São mais de 6 mil atestados por mês”, destaca Cristina. A operadora Tarciana Guedes, de 19 anos, relata que os constrangimentos são constantes. “Trabalhamos porque precisamos, mas é desumano”, diz.

Leia o comunicado da Contax:

O Grupo Contax considera arbitrário o ato da fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Site Santo Amaro e está tomando todas as medidas cabíveis para normalização da operação.  

O Grupo Contax é a maior geradora de empregos na cidade de Recife com mais de 18.000 funcionários contribuindo de forma ativa para o desenvolvimento econômico e social do Estado de Pernambuco. Importante destacar que a companhia cumpre toda a legislação trabalhista e as normas específicas para o setor de call center e mantém os mais altos padrões em suas instalações e de conduta ética.

 

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