Das raízes na Fazenda Caruru, no século 17, até se tornar referência de negócios no interior de Pernambuco, Caruaru viu muita coisa acontecer sobre suas terras. Nos últimos cinco anos, porém, o desenvolvimento da cidade se acelerou: a oferta de muitos dos confortos das grandes cidades aumentou vertiginosamente, do café expresso ao curso de ensino superior. Mas quando se chega ao município, o que primeiro salta aos olhos é a grande quantidade de edifícios, reflexo direto da demanda por novas moradias, tanto por parte de moradores quanto de forasteiros.
Além da paisagem, como se vê no alto desta página, o desenvolvimento do mercado imobiliário caruaruense pode ser constatado nos números (veja infográfico). Somente os financiamentos feitos pela Caixa Econômica Federal para compra de imóveis na cidade movimentaram R$ 100,5 milhões no ano passado, referentes a 1.179 moradias, 48,6% a mais do que ano anterior. Considerando apenas residências que usaram crédito com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – ou seja, foram vendidas por mais de R$ 650 mil –, o avanço na quantidade de unidades foi de 71,6%.
O perfil encontrado na estrutura é semelhante ao que se vê no Recife, com apartamentos a partir de 55 metros quadrados. De acordo com as empresas ouvidas pelo JC, há demanda de investidores, mas a maior parte é vendida para o consumidor que vai usar a unidade para morar, permanentemente ou temporariamente – por morar em outra cidade e só trabalhar ou estudar em Caruaru.
Essas informações não consideram as habitações enquadradas no Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Contudo, de acordo com a Prefeitura de Caruaru, nos últimos dois anos foram mais de duas mil unidades enquadradas no programa nas faixas comerciais (vendidas no mercado imobiliário como quaisquer outras) e estão em construção mais 3.800 casas na faixa 1, de habitação social, em que o valor é praticamente todo subsiado pelo governo. Outro dado do executivo municipal é que, fora os 80 prédios em construção, há pelo menos mais 30 na fase de análise de projetos.
A Prefeitura se diz atenta a esse movimento e, este ano, vai fazer a segunda revisão em seu Plano Diretor, criado em 1977. Hoje os gabaritos da cidade variam entre 3 e 4,5 – o que signifca que, numa área de mil m², é possível ter entre três e 4,5 mil m² de área construída. Hoje, se encontram edifícios de mais de 30 andares na cidade.
EMPRESAS - Pelos cálculos do presidente da Câmara de Construção Civil da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), João Bezerra, cerca de 20 empresas se instalaram em Caruaru nos últimos cinco anos para trabalhar na área da construção civil. Entre elas está a Brapor, construtora de origem portuguesa que começou a investigar Caruaru ao mesmo tempo em que chegou no Recife, em 2007. Naquela época, o mercado imobiliário caruaruense ainda era dominado pelo regime do condomínio fechado, em que o empreendimento é vendido para um grupo de investidores que tem que pagar a construtora até a entrega das unidades. Atualmente, a incorporação tem uma presença muito forte. Somente a Brapor já entregou ou está para entregar 1.054 unidades, com previsão de lançar mais 285 este ano.
Marcas já consolidadas no Recife também garantiram seu espaço entre os caruaruenses. A Moura Dubeux implantou na cidade não apenas um projeto residencial de 360 apartamentos, o Cosmopolitan Shopping Park, mas também lançou no ano passado o primeiro flat com operação hoteleira na cidade, da linha Beach Class, a mesma que usa no Recife. A Maxplural está em seu segundo empreendimento: o Alto Indianópolis deverá ser lançado oficialmente em fevereiro, com 320 apartamentos em 10 torres e preços a partir de R$ 215 mil.