É temporada de renovação de matrícula escolar. As famílias que têm filhos na rede particular estão levando um susto ao irem para a ponta do lápis. Os colégios, por sua vez, estão na missão de cortar daqui, racionalizar dali na tentativa de minimizar o impacto, diminuir a inadimplência e segurar os alunos.
Muitas instituições de ensino neste ano anteciparam o período de matrículas para dar fôlego ao caixa para a virada do ano letivo. Cada escola tem sua planilha de custos e suas estratégias. É difícil traçar uma média, mas, em alguns estabelecimentos no Grande Recife, o reajuste chega a passar dos 15%, segundo pesquisa feita pela reportagem.
A previsão dos economistas do mercado financeiro é que a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feche 2015 em 10,38%, segundo o último Boletim Focus. Encontrar um colégio com reajuste abaixo disso é exceção à regra. O Saber Viver, na Zona Norte, por exemplo, ainda está fechando o orçamento, mas antecipa que irá trabalhar com uma variação entre 6% e 7%.
“Estamos cortando gastos que não eram tão necessários para conseguir ajustar as contas e não passar o peso para os pais”, diz Rodrigo Ayres, do departamento financeiro. Na educação infantil, o pagamento em dia isenta as famílias do reajuste.
Em 2015, a Saber Viver (assim como muitos outros colégios) investiu em economia de energia. Implantou, por exemplo, sistema de desligamento automático de ar-condicionado. A conta caiu em 25%. No Colégio Dom, em Olinda, também cortou-se o uso desnecessário de material, a exemplo de papel.
O reajuste da mensalidade na instituição atingiu 11%. O diretor pedagógico, Arnaldo Mendonça, explica que, no passado, chegou a passar três anos sem impor reajuste e ainda concedendo bonificação para o pagamento em dia. Mas, desta vez, não teve jeito.
Armando Reis Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe, na Zona Norte – onde a mensalidade 2016 aumentou 10% –, lembra que, na planilha, já consta o reajuste de salário de professores, cuja data-base é em abril, também com base na inflação. “É o item mais forte da planilha das escolas, em torno de 70% no Equipe”, calcula.
Em 2015, o aumento salarial da categoria ficou em 8,7% (ensino fundamental 2 e médio) e 9,0% (ensino fundamental 1 e infantil). O reajuste pedido no início das negociações havia sido de 15%. No Equipe, houve investimento em lâmpadas de LED, revisão da rede elétrica e geradores de energia.
“Apesar de nossa clientela ser de classe média alta, estamos procurando respeitar o momento econômico”, diz Armando sobre o rearranjo orçamentário e o repasse de custos.
Mutirão de negociação