Começa a geração solar no lago de Sobradinho

Projeto piloto colocou placas fotovoltaicas flutuantes no reservatório que é o maior do Nordeste
Da editoria de economia
Publicado em 12/03/2016 às 8:05
Projeto piloto colocou placas fotovoltaicas flutuantes no reservatório que é o maior do Nordeste Foto: Fernando da Hora/JC Imagem


As águas de Sobradinho começaram a ser usadas para gerar energia solar. A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco ( Chesf) e a Eletronorte deram um passo importante para consolidar a energia produzida a partir do sol, em larga escala, no Brasil. Foi inaugurado ontem o protótipo de um projeto que colocou placas fotovoltaicas flutuantes no maior reservatório do Nordeste (o de Sobradinho). O sistema terá a capacidade de gerar 5 megawatts. Na semana passada, ocorreu a inauguração de outro sistema similar no reservatório de Balbina na Amazônia . “Dependendo dos estudos, Sobradinho poderá expandir em até 300 MW a geração solar e Balbina até 500 MW. Essa experiência poderá ser replicada em pelo menos mais seis hidrelétricas do São Francisco. Esse tipo de geração tem forte possibilidade de crescer nos próximos 10 anos", disse o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. O investimento na iniciativa foi de R$ 114 milhões, bancados pelas duas estatais via o programa de Pesquisa & Desenvolvimento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No mundo, é a primeira vez que se coloca essas placas no lago de uma hidrelétrica.

“A água em Sobradinho pode variar, mas o sol sempre brilha. A nossa expectativa é de que isso seja o marco inicial de um grande projeto de geração solar no Nordeste", afirma o presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Farias, acrescentando que a geração solar pode contribuir para poupar a água de Sobradinho. Isso ocorreria por dois motivos. Primeiro, poderia ser priorizado a geração solar num período seco. Segundo, há a expectativa de que a evaporação do lago diminua com a instalação das placas fotovoltaicas flutuantes. O reservatório ficou com 1,8% do seu volume útil em dezembro de 2015. 

O protótipo produzirá, inicialmente, 5 quilowatts. Em agosto próximo, devem estar instalados um MW. Mais quatro MW serão implantados até o primeiro trimestre de 2017, totalizando os cinco MW, energia suficiente para abastecer 9 mil residências. Quando estiver completo, os painéis fotovoltaicos ocuparão uma área equivalente a cinco estádios de futebol, correspondendo a 0,02% da área do lago. Isso mostra o grande potencial existente em Sobradinho. O monitoramento da experiência será realizada até 2019. As placas têm resistência aos ventos de até 200 quilômetros por hora e as ondas com até 1,5 metro. 

As placas fotovoltaicas flutuantes serão montadas em blocos e fabricadas em Camaçari, na Bahia. O projeto gerou uma joint-venture formada entre a empresa brasileira Sunlution e a francesa Ciele et Terre, detentora da patente e tecnologia das placas flutuantes. A primeira já implantou sistemas similares em lagos no Japão, China e Coréia do Sul. “É um projeto histórico do setor elétrico brasileiro e tem tudo para mostrar a viabilidade de um sistema híbrido com geração hidráulica e solar”, afirmou o diretor do Sunlution, Orestes Gonçalves.

Ainda na coletiva, Eduardo Braga disse que há uma previsão do Ministério que os reajustes anuais das distribuidoras ficarem abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que foi de 10,65% em 2015. Segundo ele, está ocorrendo uma queda no preço da geração, a qual representa 55% do preço da tarifa cobrada ao consumidor final. Essa queda acontece porque há mais água nos reservatórios das principais hidrelétricas e a entrada de energia nova das eólicas, das hidrelétricas de Teles Pires, Belo Monte e novas máquinas em Santo Antonio e Jirau. 

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