Cresce procura por alimentos juninos com a proximidade do São João

Vendedores ambulantes e padarias apostam na venda de comidas típicas para lucrar
Yasmin Freitas
Publicado em 21/06/2016 às 9:37
Vendedores ambulantes e padarias apostam na venda de comidas típicas para lucrar Foto: Foto: André Nery/JC Imagem


“Tem canjica ainda?”. “Oxe, tem nada, só amanhã cedo. Já vendi tudinho”. É ainda manhã quando seu Severino Souza chega ao mercado de São José, área central do Recife, empurrando seu carrinho de alumínio munido de incontáveis espigas de milho e embalagens contendo pamonha e canjica. Da venda dos produtos, que acontece de janeiro a janeiro, e não apenas nas festas juninas, o comerciante tira o sustento de toda sua família. “Eu vendo o ano todo, mas bom mesmo é no São João, que sai o dobro”, comemora o ambulante. Às 16h30 de ontem, Severino já havia comercializado 100 potinhos de canjica e mais 50 de pamonha, além de várias espigas de milho, deixando desapontada uma senhora que se aproximou de seu carrinho desejosa por canjica. Para levar para casa os itens, o cliente paga R$ 3 por unidade (da pamonha ou da canjica). Se decidir levar duas, tem promoção, e o custo final sai a R$ 5. O ambulante é um dos que conseguem faturar um dinheiro extra no período junino e, ainda, servir de alternativa às padarias e outros grandes estabelecimentos comerciais para o consumidor.

Ainda há quem, diferentemente de seu Severino, recorra também à sazonalidade. Proprietária de duas padarias na Zona Norte da cidade, a empresária Cristina Brito e o filho Thyago decidiram colocar, na Rua José Osório, 369, na Madalena, uma tenda toda colorida e propriamente decorada com bandeiras e imagens de santos oferecendo diversas comidas típicas, como bolo de milho, bolo de rolo, paçoca, pé de moleque, milho, canjica, pamonha e munguzá para incrementar as vendas do São João. “No São João, geralmente a gente cresce uns 15%, mas, neste ano, a previsão já é um pouco mais fraca, daí colocamos a barraca”, comenta Cristina. O funcionamento do negócio vai das 15h às 21h diariamente, mas os empresários já adiantam que, na véspera da festa e no dia, abrirão das 8h às 21h, para atender à alta demanda. Até agora, com duas semanas de operação, a ideia rende cerca de R$ 800 por dia, fazendo com que Cristina esteja confiante de conseguir manter a mesma margem de lucro do ano passado.

Na opinião do presidente da Associação da Indústria de Panificação de Pernambuco, José Cosme, mesmo na crise, é possível ter resultados positivos, e ganha mais quem tiver criatividade e oferecer produtos inovadores para a data. “Apesar de o milho, que é a base para a maioria das comidas juninas, estar com um preço bom, ainda estamos em tempo de recessão e o empresário precisa segurar suas margens de lucro e repassar minimamente seu aumento de custos. Outra questão é ser inovador, porque o consumidor está mais exigente e pensa melhor onde quer gastar seu dinheiro”, afirma.

Este foi o motor da casa de doces e salgados Delikata na hora de pensar as mercadorias. Neste ano, a marca vai oferecer aos clientes o brigadeiro de cocada e também o de canjica (R$ 1,50/unidade), além do bolo de Romeu e Julieta (R$ 30/kg) e do tradicional, de milho (R$ 28/kg). “Muita gente prefere comprar em padaria, mas quem já é nosso cliente acaba sendo cativado pelos produtos diferentes”, diz o sócio da rede Clayton Rodrigues. 

Já nas padarias, o desafio maior é segurar a alta de preços de insumos, gastos com mão de obra, eletricidade, entre outros, e ainda assim oferecer um produto de qualidade. “Fizemos um reajuste mínimo do ano passado para cá. Os itens estão 5% mais caros em relação a 2015”, garante o proprietário da Padaria Parla Deli, nos Aflitos, Marcelo Silva.

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