Uma comissão formada por donos de laticínios e membros de vários órgãos públicos quer imprimir a marca do Agreste pernambucano ao queijo coalho. Há mais de dez anos, os participantes se preparam com pesquisas e experimentos para solicitar o registro de indicação geográfica do laticínio para 27 cidades agrestinas. O selo identifica o produto como sendo de uma determinada região, com características próprias e processo de fabricação com rígido controle de qualidade. Saiba mais sobre o livro e o alimento no site lançado pela comissão.
A denominação é concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mediante o cumprimento de diversas exigências, a exemplo da criação de um dossiê e um regulamento de produção.
O próximo passo para chegar mais perto do título é o lançamento do livro O Queijo de Coalho em Pernambuco: Histórias e Memórias. A cerimônia acontece nesta sexta-feira (26), às 14h, no Centro de Convenções, durante a 24ª edição da Agrinordeste.
O livro faz um passeio pela história do queijo coalho e traz dicas de receitas de chefs renomados. A produção do laticínio no Brasil começou no século 16. A criação do gado se concentrou primeiro no Sertão do Estado.
Com o tempo, os produtores rurais descobriram que as regiões agrestinas, mais elevadas, ofereciam condições favoráveis para a criação do gado leiteiro, como o clima frio e nível de umidade ideal para o plantio de palma forrageira, a alimentação base dos animais.
Essas são apenas algumas características que os donos de laticínios e membros de órgãos públicos afirmam que influenciam no produto final, tornando o queijo coalho do Agreste diferente. Para assegurar a qualidade, adotaram regras que visam a sanidade do animal, como alimentação baseada apenas na palma forrageira, e uma linha de produção padronizada.
“Atualmente, 70% da bacia leiteira do Estado se encontra no Agreste. Isso criou uma cultura para os moradores da localidade. Diferente do alimento fabricado no Sertão, aqui a massa prensada é mais fresca, não é pré-cozida. Dá uma característica sensorial diferente”, afirma o gestor do Centro Tecnológico de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), em Garanhuns, Benoit Paquereau. Ele é um dos autores do livro junto a coordenadora do curso de História da Universidade de Pernambuco (UPE), Maria Giseuda de Barros Machado, e da arquivista e licenciada em história Sônia Romualda Napoleão Carvalho.
Atualmente, cinco donos de laticínios empregaram o regulamento. Eles compartilham a marca Certificação do Queijo de Coalho (CQP). O Itep está realizando testes nos alimentos para garantir a qualidade. Até 2017, o grupo pretende solicitar a indicação geográfica ao INPI. “Isso vai valorizar o queijo da região. Outros empresários também vão querer adotar o regulamento e a qualidade, no geral, vai subir”, acredita Benoit.