Novas tecnologias estão trazendo mais eficiência e inteligência à indústria. A conectividade está aumentando do chão de fábrica ao produto com o incremento do uso da internet das coisas (que permite a comunicação e troca de informação entre equipamentos), a realidade aumentada e virtual, a computação cognitiva (capacidade dos computadores pensarem imitando os humanos), a big data – grande volume de dados estruturados ou não que podem impactar o negócio – e o twin (gêmeo) digital, que usa algumas dessas tecnologias se complementando. Exemplos do que o uso delas pode trazer não faltaram no 7º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado no Transamérica Expo Center em São Paulo.
Numa das apresentações do evento, o vice-presidente de Software e Pesquisa da multinacional General Electric, Collin Parris, com o seu Ipad na mão, aciona uma turbina eólica fabricada pela empresa que parou por causa de um defeito. Com a aplicação dos sensores que se comunicam (utilizando tecnologias como a internet das coisas e o gêmeo digital), a turbina “fala” quantas vezes parou, o que causou a paralisação e se comunicou com as outras 128 turbinas do mesmo tipo existentes para depois informar as soluções implantadas em situações similares. Depois disso, o equipamento propôs duas soluções baseadas na assertividade dos últimos consertos. Após essas informações, o diretor tomou a decisão de consertar o equipamento e dá um comando de voz, o que é suficiente para iniciar o conserto. Não é filme, nem é ficção. Isso já é realidade em alguns processos da GE.
“Estamos usando robótica e a inteligência artificial para fazer manutenção e consertos mais rápidos e precisos”, diz Collin. Inteligência artificial é um ramo da ciência da computação que elabora mecanismos capazes de simular a capacidade humana de raciocinar. E acrescenta: “O robô tem uma capacidade maior de processar dados e chega em locais inacessíveis para o ser humano, é um cirurgião de turbinas. Aguenta o calor e faz pequenos reparos, consertando os problemas enquanto estão pequenos”. Essa forma nova de consertar turbinas trouxe uma redução de 20% nos gastos com a manutenção delas.
“A digitalização da indústria está fazendo mudanças que são de 100 a 400 vezes mais rápidas do que numa década. As tecnologias estão ficando mais rápidas e baratas numa velocidade exponencial”, cita, em outra palestra, o CEO da Next47, Lak Ananth. A Next47 é a parte da Siemens que trabalha com startups. E cita exemplos do que está contribuindo para as mudanças. “Como a produtividade não vai melhorar, se um sensor, que há alguns anos, custava US$ 5 mil (cerca de R$ 16,4 mil) pode ser trocado por outro que sai por US$ 10 (R$ 39), como é o caso dos sensores usados nos celulares? A impressão 3D ficou 250 vezes mais baixo numa década e pode ser usada pelas empresas de forma extensiva”, diz Lak.
Outro termo citado por muitos executivos que participaram do evento foi exponencial. O mundo vive a era de alguns negócios que crescem exponencialmente: Facebook, Google, Instagram etc. “A média das 500 maiores empresas (por faturamento) nos Estados Unidos é de 15 anos atualmente, quando no início dos anos 2000 era seis décadas. É desenvolver (essas tecnologias) ou morrer”, resume somente o empresário Peter Diamandis, fundador da Singularity University, a faculdade do Google e da Nasa, que capacita os alunos para apontar soluções do futuro. Ele é o co-autor do livro intitulado Oportunidades Exponenciais, “um manual prático para transformar os maiores problemas do mundo nas maiores oportunidades de negócios”.
E, por último, como serão os produtos dessa nova indústria? Também conectados. No próprio evento, estavam expostos um carro híbrido da Ford que possui um sistema multimídia. Depois de uma colisão, esse sistema aciona o celular do proprietário do veículo, caso perceba que ele está imobilizado, para chamar o Samu, informando quantas pessoas estavam dentro do carro, quantos air bags foram abertos, entre outras informações.
Outro fruto dessa era conectada são os produtos desenvolvidos pela multinacional Festo. A empresa se inspirou nos movimentos de uma água marinha para desenvolver uma garra de robô que se adapta a peça que vai manipular, usando a biomimética (análise dos seres vivos) para conceber soluções para a indústria. A inteligência artificial propiciou a unidade do Embrapii Senai Cimatec de Salvador (BA) desenvolver um flatfish, robô que faz inspeções em alta resolução em 3D a 300 metros de profundidade. “Hoje, essa inspeção é feita por robôs que levam três dias para chegar ao destino, ocupando uma tripulação de 60 pessoas com um custo do navio que varia de R$ 100 mil a R$ 150 mil. Com o flatfish vai ser mais eficiente e mais barato”, conclui o consultor do Núcleo Estratégico da Unidade Embrapii Senai-Cimatec em Salvador, Silmar Nunes.