Pernambuco andou na contramão nacional e fechou 2017 com queda na produção industrial. Enquanto o Brasil registrou o primeiro resultado positivo para o setor desde 2013, com crescimento de 2,5% sobre 2016; o Estado apresentou queda de 0,9%. O setor de alimentos, que tem o maior peso na indústria de transformação pernambucana (21,4%) encolheu 7,1% no ano passado. O resultado estadual foi o segundo pior do País, melhor apenas que a indústria baiana, com diminuição de 1,7% na produção industrial.
“O resultado nos surpreendeu e frustrou nossas expectativas, porque o ano de 2017 começou com um crescimento de 15,3% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2016. Ao longo do ano fomos calibrando a estimativa e esperávamos fechar 2017 empatando com o ano anterior ou crescendo até 0,5%, mas não foi o que aconteceu”, lamenta o Gerente de Economia e Negócios Internacionais da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Thobias Silva.
Os resultados negativos da Bahia e de Pernambuco contribuíram para que o Nordeste fechasse o ano com desempenho negativo de 0,5%. A despeito dessas três localidades, todo o restante do Brasil apresentou recuperação no setor. Em âmbito local, além do segmento de alimentos, outras atividades apresentaram queda de dois dígitos na produção, a exemplo de minerais não-metálicos (11,9%) e têxtil (11,6%). As principais contribuições positivas vieram dos segmentos de produtos de metal (33,3%) e equipamentos de transporte (31,5%). O primeiro sofreu influência direta da montadora da Jeep, em Goiana, e o segundo aos estaleiros Atlântico Sul e Vard Promar, que aceleraram na fabricação de navios.
O economista Thobias Silva acredita que ainda é cedo para estimar o crescimento da indústria pernambucana para este ano. “O resultado de 2017 demonstrou a fragilidade da recuperação econômica. Ela está acontecendo, mas não com a tração que se esperava. O crescimento para 2018 está contratado, mas depende de uma série de variáveis. Este ano é de incerteza política e o cenário internacional também está mais hostil, com aumento dos juros nos Estados Unidos e na Europa”, pontua.
Na avaliação do economista, as perspectivas para Pernambuco são mais otimistas para Pernambuco do que para o Brasil. Ele destaca que no resultado da indústria de transformação ainda não é computado o impacto direto da Jeep nem da construção civil. Talvez por isso exista uma expectativa de crescimento do PIB de 2017 em 2,1%, melhor do que a indústria de transformação isolada.