Quando estava na universidade, Alyson Tabosa mal poderia imaginar que um projeto elaborado na sala de aula passaria a valer cerca de R$ 1,5 milhão. O empreendedor apostou alto na criação de uma startup para resolver um problema comum às construtoras: a compra de material. E assim como pelo menos outras dez empresas de Pernambuco mergulhou fundo no mercado das construtechs.
Com a missão de inserir os segmentos imobiliário e da construção no mundo tecnológico, as construtechs estão avançando no Brasil. Somente no ano passado, de acordo com dados da Construtech Ventures, primeira Venture Builder (organização que constrói startups)focada nos setores da construção e imobiliário no mundo, o País possuía mais de 250 startups envolvidas nos dois setores desde o fornecimento de materiais até a reforma de empreendimentos. "A maioria das construtechs surgiu nos últimos dois anos e, embora estejam em estado embrionário, estamos confiantes na absorção dessas empresas pelo mercado. Pernambuco tem se destacado com uma mão de obra muito qualificada. No nosso levantamento, feito no ano passado, contabilizamos dez construtechs aqui. Até 2020, esperamos a criação de pelo menos outras 100 empresas de tecnologia voltadas para o mercado imobiliário e da construção no Brasil. Ainda não temos números expressivos sobre os resultados desas startups no País, mas nos Estados Unidos elas já movimentaram quase 1 bilhão de dólares em 2017”, explica o chefe de operações da Venture, Bruno Loreto.
Dentre essas duas centenas de startups, a pernambucana Coteaqui, criada por Alyson, tem se destacado."Começamos com aportes de R$ 40 mil e agora estamos recebendo um investimento na ordem dos R$ 500 mil da Softplan - uma das maiores empresas de tecnologia do País. Estamos valendo R$ 1,5 milhão no mercado e já contamos com 31 construtoras do Nordeste e 4 mil fornecedores do Brasil todo", destaca ele. O serviço oferecido é simples. Através de um plataforma virtual, milhares de fornecedores são reunidos e fecham negócios com as construtoras para a venda e compra de materiais necessários para o andamento das obras."Além da compra, proporcionamos ao nosso cliente uma análise de dados e uma melhor visão da qualidade e da quantidade de variáveis em cada negócio fechado. O que poderia levar dias, muitas vezes está posto em questão de minutos”, complementa Tabosa.
A organização de vários fornecedores tem gerado para as construtoras uma economia de até 20% nas compras, valor que a depender do empreendimento pode refletir até no preço final dos imóveis."A gente passou a ter uma variedade de fornecedores, uma pesquisa mais rápida e a garantia do melhor preço sem a perda da qualidade. conseguimos uma economia de 8% em cima do valor do aço e do concreto, insumos que são muito representativos para qualquer obra", confirma o empresário Rafael Simões, da construtora Tenório Simões.
Outra construtech pernambucana que tem alavancado os seus ganhos ao longo dos últimos dois anos é a Molegolar, que oferece às construtoras a possibilidade de venderem “módulos” em vez de apartamentos, permitindo que o comprador possa adequar o tamanho do imóvel a suas necessidades. “Criamos uma alternativa para eliminar espaços ociosos e diminuir o consumo com novas construções e reformas. O cliente compra módulos no andar de sua escolha e pode se desfazer ou ampliar o tamanho do imóvel a partir da sua demanda. Pode ser visto até como uma espécie de quebra-cabeça, atendendo muito bem os desejos do comprador e das construtoras e incorporadoras sobretudo no caso dos distratos, que diminuem justamente por conta dessa flexibilidade e por cada módulo ter impostos, preço e taxas cobrados de forma separada”, esclarece o incorporador e proprietário da startup, Saulo Suassuna. Com investimento inicial em torno de R$ 1 milhão, atualmente a Molegolar gera uma receita contratada na faixa dos R$ 2,4 milhões e tem uma projeção de receita futura entre R$ 35 milhões e R$ 50 milhões.