A entrada da Uber no Brasil provocou, em média, uma redução de 56,8% no número de corridas de aplicativos de táxi, considerando 590 municípios entre os anos de 2014 e 2016. A empresa conquistou novos clientes que utilizavam outro modal de transporte e parte daqueles que usavam aplicativos de táxi.
É o que aponta levantamento do Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que considera que quem saiu ganhando com a concorrência foi o consumidor, já que o app provocou queda nos preços e solucionou falhas de mercado.
Levando em conta as 27 capitais brasileiras, o estudo revela uma redução de 36,9% no número de corridas de aplicativos de táxis. Nessas cidades, houve também uma redução de 7,8% no valor médio pago por quilômetro em táxis de aplicativo, que reagiram à concorrência oferecendo descontos.
O documento demonstra também que nas capitais do Norte e Nordeste, em que houve entrada tardia da Uber, entre março e dezembro de 2016, a redução no número de corridas de aplicativos de táxis foi de 42,7%. Já nas capitais das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, em que a entrada se iniciou em maio de 2014, a redução foi de 26,1%.
Segundo o DEE, esses dados sinalizam que inicialmente a entrada da Uber em um município pode ter um efeito grande, reduzindo substancialmente o número de corridas de táxi. Com o passar do tempo, no entanto, ocorre uma recuperação.
Os técnicos responsáveis pelo levantamento afirmam que os governos municipais devem evitar medidas que dificultem a operação de serviços de transportes aplicativos. De forma complementar, destacam, é necessário o amadurecimento do debate na direção da desregulamentação gradual dos serviços de táxi, em especial, nos aspectos relacionados a barreiras à entrada e a liberdade tarifária.