O presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Aurélio Amaral, disse na manhã desta terça-feira (29), em entrevista à Reuters, que o Porto de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, é um dos locais que mais preocupa quanto à liberação de combustível.
"Lá em Suape a situação ainda é crítica e continua ruim também em Minas, Rondônia, São Paulo, Roraima, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Sergipe", explicou. O Porto de Suape é um dos mais importantes polos do Nordeste.
Pela manhã, dezenas de caminhões deixam o Porto de Suape para abastecer postos de combustível no interior. Outros 23 caminhões estão sendo escoltados do Batalhão da PM, em Prazeres, para seguir até o porto e serem reabastecidos. Caminhões com gás de cozinha são os que não conseguem escoar a produção.
O diretor da Total Distribuidora, Paulo Perez, faz uma previsão de liberação de caminhões. "Estamos fazendo um desdobramento para melhorar essa situação. Se a gente conseguir fazer a programação de hoje desenhada, será ótimo. Ontem, a condição foi melhor, só que a gente tem algumas prioridades, que são as empresa de ônibus", explicou Paulo.
"Na última segunda-feira (28), teve a saída de 80 carros. A expectativa é que ainda hoje saiam 120, mas as condições são muitos complicadas", acrescentou.
Impactos da crise no combustível
Ainda segundo o presidente da ANP, a situação do abastecimento começa a melhorar no restante do Brasil. "Dependendo da logística de cada lugar, volta ao normal em cerca de uma semana, mas em alguns lugares até mais de uma semana", disse.
O cancelamento de voos programados chegou a pelo menos 6%. No total, 91 viagens deixaram de ocorrer até o início da tarde. E dez aeroportos continuam sem combustível, incluindo Petrolina, conforme a Infraero.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) alertou que alguns pontos de distribuição de GLP, o gás de cozinha, estão com estoque adequado, mas não tem botijões para encher, pois os vazios não estão chegando às bases.
A chegada de produtos às centrais de abastecimento ainda é prejudicada. Os oito dias de paralisação derrubaram em 46,5% a oferta de produtos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). No total, os atacadistas deixaram de comercializar 29.419 toneladas.
Na Central Estadual de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ), a situação não é diferente: 90% das lojas não abriram por não terem o que vender, e apenas 37 caminhões chegaram ao local. Em uma segunda-feira normal, 400 caminhões trazem produtos do interior do Rio e de outros estados à Ceasa.
Ainda no Rio, as escolas municipais suspenderam as aulas, pois funcionários, professores e alunos não conseguem chegar às escolas. Quase 30% das escolas particulares da cidade também pararam. As prefeituras de Niterói e Nova Iguaçu também suspenderam as aulas nas escolas municipais, e São Gonçalo anunciou que fará o mesmo nesta terça-feira.
No caso dos hospitais, a Secretaria Estadual de Saúde chegou a anunciar a interrupção das cirurgias eletivas, mas reavaliou a decisão e manteve as operações marcadas em cinco hospitais.
Os ônibus ainda operam com parte da frota na maioria das capitais, para economizar combustível.