A vida da recifense Fabiane Souza, 27 anos, mudou completamente em apenas um ano e meio desde que ela passou a receber treinamento em programação. Fabiane era educadora física, mas depois de conhecer a comunidade global Women Who Code (WWCode) no Recife, capacitou-se, fez networking e conseguiu um emprego como desenvolvedora.
A WWCode se dedica a inspirar mulheres a conhecer e se destacar na área de tecnologia. “O treinamento abre portas e ajuda a empoderar mulheres para serem líderes, não pensarem pequeno. Por isso, no futuro, tenho como meta desenvolver tecnologias emergentes, como automação de testes de software”, revela Fabiane.
É para mudar as vidas de mais mulheres que a Women Who Code fechou parceria com a Red Hat, empresa de soluções open source (softwares de código aberto), para promover treinamentos, alcançar mais mulheres e transformar o mercado de trabalho.
“A parceria, inicialmente, é para fazer treinamento com as tecnologias da Red Hat. Vamos ensinar a usar os sistemas e os benefícios propiciados por softwares usados no mercado em diversos eixos. A empresa vai dar todo suporte para que a gente promova os cursos. A ideia é levar os treinamentos para outras cidades, além do Recife, e ganhar uma escala nacional”, explica a diretora do Women Who Code no Recife, Andrêza Leite. A primeira capacitação com o parceiro deve ocorrer até o início de setembro na capital pernambucana, onde a entidade já beneficiou 500 mulheres através de mais de 60 cursos, palestras, workshops, meet ups online, hackathons e treinamentos de carreira.
O incentivo para que mulheres atuem e permaneçam na área é uma missão para Andrêza, desde que começou a graduação em sistema de informação. Na turma de 30 alunos, havia apenas quatro mulheres.
A disparidade não está apenas nas salas de aula. Segundo o relatório “Por um Planeta 50-50: Mulheres e meninas na ciência e tecnologia”, da Serasa Experience em parceria com a ONU Mulheres, apenas 17% dos programadores no mundo são mulheres.
“Nosso objetivo é atingir a igualdade salarial e de oportunidades no mercado. Acho que falta encorajar as mulheres, é preciso dar exemplo, mostrar que elas também são capazes de fazer tecnologia”, complementa Andrêza.
A atuação da WWCode já começa a trazer resultados em números. Segundo levantamento da entidade no Recife, a organização influenciou 32,1% das participantes a ingressar ou permanecer em um curso de graduação na área de computação.
A parceria com a WWCode é uma forma que a Red Hat encontrou para se desafiar a melhorar seus próprios números. Hoje, as mulheres correspondem a 25% do quadro de funcionários. “É um percentual que está acima da maioria das empresas e da média geral. Mas, particularmente, ainda é baixo para nós. Nossa visão é de que podemos melhorar isso, queremos buscar competências dentro da diversidade, fazendo ações para criar equilíbrio”, explica o CEO da Red Hat Brasil, Gilson Magalhães, de quem partiu a iniciativa de apoiar o projeto.