A procura pelo material escolar mais barato já começou. Apesar de, tradicionalmente, o movimento nas lojas ser mais intenso nos meses de janeiro e fevereiro, já é possível encontrar no comércio pais e mães com a lista na mão em busca de economia. Ainda mais depois que a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) estimou um aumento médio de 10% no preços dos itens da lista de material escolar para o próximo ano.
O Procon de Pernambuco está com as equipes de fiscalização nas ruas levantando os preços dos principais itens pedidos pelas escolas. O resultado da pesquisa só deve sair na primeira semana de janeiro, quando o levantamento é refeito para se comparar os preços dos dois períodos e identificar possíveis reajustes abusivos. Quando se trata de economizar, são muitas as receitas defendidas pelos consumidores. O aposentado Ramon Cedric prefere comprar tudo agora. Com a lista da escola da neta de quatro anos na mão, ele diz que comprar ainda em dezembro vale a pena pelo custo-benefício. “Encontro mais variedade e muito menos gente comprando, assim não perco tempo escolhendo o produto nem nas filas do caixa”, explica. Já a enfermeira Maria Aparecida Paiva só começa a ir atrás dos itens da lista dos filhos de oito e sete anos em fevereiro. “É quando as papelarias fazem as promoções para queimar o estoque”, ensina.
O velho conselho de pesquisar antes de comprar ficou muito facilitado em tempos de redes sociais. Através dos grupos de Whatsapp, mães e pais de alunos podem se organizar para pesquisar preços e trocarem informações sobre os locais mais em conta. De olho neste mercado, Myrelle Pereira lançou em 2016 um serviço de compra e entrega de material escolar em domicílio. Como a família dela já era dona de uma papelaria na cidade de Ribeirão, na Mata Sul do Estado, Myrelle viu uma boa oportunidade de negócio. “Como o nosso comércio no interior é de grande porte, conseguimos preços menores com os fornecedores. Essa economia é repassada aos clientes do delivery aqui no Recife”, explica Myrelle, que diz praticar preços até 20% mais baixos do que os das livrarias da capital.
Myrelle cobra uma taxa de R$ 15 para entregar os produtos no Recife, além de Olinda e Jaboatão dos Guararapes. A ex-analista de Recursos Humanos teve a ideia de montar o negócio depois que foi demitida da Refinaria Abreu e Lima, onde trabalhava. Ela conta que no primeiro ano atendeu 87 pedidos. No ano seguinte, já foram 207 listas de material escolar entregues em domicílio e, este ano, já são 53 pedidos, sendo que o pique da demanda acontece nos próximos meses.
Um local já conhecido por quem busca economizar com o material escolar dos filhos são os pontos de venda, ou troca, de livros usados, conhecido como “sebos”. No Recife, o mais tradicional deles fica meio escondido entre as avenidas Guararapes e Dantas Barreto, no Bairro de Santo Antonio, Centro do Recife. É a Praça do Sebo, com 19 boxes voltados para a venda de livros novos e usados. Uma das comerciantes do local é Nathalia Sales, do Recanto dos Alfarrabistas. Ela diz que este é o período de maior movimento do ano. “A frequência de público aqui aumenta uns 100%. No restante do ano ficamos meio esquecidos”, diz Nathalia, que faz o orçamento dos livros pedidos pelas escolas por Whatsapp. “Recebemos a lista dos pais dos alunos e informamos os preços.” Na Praça do Sebo, é possível encontrar livros didáticos e paradidáticos usados até 50% mais baratos. Se o livro for novo, também há vantagem, com os preços ficando entre 10% e 12% mais em conta do que nas livrarias, garante a comerciante.