Cinco anos após a assinatura do contrato da Parceria Público Privada (PPP) entre a Compesa e a BRK Ambiental, o projeto denominado Cidade Saneada entra numa nova fase de investimentos. Com o objetivo de ampliar os serviços de esgotamento sanitário, alcançando um mínimo de 90% de cobertura, com 100% de tratamento do esgoto dos 15 municípios que compõem a Região Metropolitana do Recife (RMR), a BRK garantiu com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) financiamento de R$ 350 milhões. O recurso será aportado na construção de redes coletoras e estações de tratamento de esgoto nos municípios de Goiana, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e no bairro de Jardim São Paulo, no Recife. Dentre os 100 maiores municípios do Brasil, Jaboatão é um que tem os menores índices de saneamento do Brasil. No Recife, 73% da água consumida é tratada, segundo o Instituto Trata Brasil.
Orçada em R$ 6,5 bilhões, a PPP da Compesa é considerada a maior Parceria Público Privada do Brasil. Desde de 2013, o parceiro privado já investiu cerca de R$ 800 milhões na recuperação da rede de esgoto já existente no Grande Recife. A Compesa entrou com outros R$ 100 milhões. “Investimos, basicamente, para recuperar o sistema que já existia, que coletava 26% do esgoto da RMR, mas só tratava 5%. Hoje já temos 38% de cobertura e tratamento, garantindo que 100% do que é coletado é tratado”, diz o diretor da operação da BRK Ambiental no Grande Recife, Fernando Mangabeira.
O financiamento do BID será amortizado num prazo máximo de 20 anos e será quitado exclusivamente pela BRK. “Esses recursos serão somados a outros recursos da nossa primeira trust de investimentos, que é o programa Saneamento para Todos – da Caixa – e o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste – da Sudene. Além disso, esperamos para, ainda este ano, a liberação de R$ 600 milhões do Banco do Nordeste.”
Dentro desse período, que se encerra em 2021, a expectativa da BRK é investir quase R$ 1 bilhão. O ano deverá se encerrado com investimentos na ordem do R$ 180 milhões, ao passo que 2021 o orçamento prevê R$ 260 milhões. “A gente entra numa nova fase agora. Temos ainda cerca de 4 mil quilômetros de rede para ser executada e 280 estações elevatórias de esgotamento sanitário a finalizar”, comenta o direto da BRK. Seguindo o planejamento da PPP, das 73 estações de tratamento de esgoto da RMR, cerca de 23 devem ser desativadas e substituídas por outras de maior porte. Esse será o caso da estação do Janga, que terá a capacidade duplicada, passando a tratar 800 litros de esgoto por segundo e de Jaboatão dos Guararapes, que deve ganhar a maior estação de tratamento da RMR, com capacidade para tratar 2 mil litros de esgoto por segundo. O primeiro trecho da coleta de esgoto em Jaboatão deve ser inaugurado no segundo semestre do ano que vem. Segundo a BRK, a cidade, que tem apenas 5% do esgoto tratado, passará a até 30%. Em Jardim São Paulo, as obras irão até meados de 2020. Em Goiana, as obras serão iniciadas em janeiro. No Cabo, a expectativa é para março.
De acordo com a Compesa, a PPP já garantiu à RMR níveis quatro vezes maiores de esgoto tratado do que antes do início do programa. Porém, de 2013 até 2018, a cobertura sanitária cresceu apenas 7%. A Operação Lava Jato prejudicou a primeira parceira privada da PPP, a Odebrecht Ambiental, que terminou vendendo 70% das suas ações para a BRK em 2016.
As obras da PPP ficaram praticamente paralisadas entre 2015 e 2016. Pelo lado da Compesa, a crise econômica diminuiu os repasses de recursos públicos. No início deste ano, a PPP – que deveria ser finalizada em 2025, teve prazo estendido. Agora, o projeto é previsto para terminar em 2037, com 87% dos investimentos bancados pela BRK e 13% pela Compesa. O contrato de PPP garante à BRK 86,5% do faturamento de esgoto da RMR. Em 2017 a empresa registrou receita de R$ 359,8 milhões e um lucro líquido de R$ 58,4 milhões, resultado 43% superior ao registrado em 2016.