Dados da última Pesquisa de Serviços de Hospedagem (PSH) 2016, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estastística (IBGE) em convênio com o Ministério do Turismo, apontam que 14,2% dos 31,3 mil estabelecimentos de hospedagem no País são motéis. Pernambuco é o segundo Estado com maior proporção de motéis (22,9%), atrás do Amapá (26,4%). Com tantos concorrentes, esse setor também tem precisado se modernizar.
De acordo com o empresário Carlos Melo, que administra seis grandes motéis no Estado, como Eros e Nexos, a crise econômica representou uma redução de até 20% na movimentação desses estabelecimentos nos últimos dois anos. Para tentar driblar a queda, ele tem investido na disponibilização de leitos em sites de hospedagem. Outra estratégia é realizar promoções e investir em publicidade.
"Recebemos muitos grupos para festas nos motéis. Mas nós temos que ir atrás do cliente, porque o mercado está sofrendo com a crise, como todos os outros”, opinou. Além disso, ele diz que é preciso entender que o perfil dos clientes está mudando e é preciso investir na infraestrutura dos quartos. “Hoje, 70% do público é de pessoas entre 25 e 40 anos. Elas querem encontrar algo diferente. Tem ainda o público homoafetivo, que nos dá mais retorno nas redes sociais.”
Já para o empresário Marcos Queiroz, dono de dez motéis, como Fidji, Goa e Crystal, a crise tem castigado o empresário desse setor, mas afirma que a mudança de cultura das pessoas também é um grande causador da redução da procura. “Hoje as pessoas procuram os motéis em ocasiões especiais, como reconciliações, ou na busca por reacender o fogo de um relacionamento. Mas nem o Dia dos Namorados é mais daquele jeito, super concorrido”, observou.
Ainda para Queiroz, mesmo os empreendimentos tendo investido em oferecer serviços diferenciados, como cozinhas com pratos diferenciados, os motéis ainda sofrem o estigma de ser um ambiente não familiar. “Muitos veem os motéis como um lugar de traição, mas o público vem mudando, é preciso mudar essa visão também.”
A Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis) aponta que os cerca de 5 mil motéis existentes no País faturaram R$ 4 bilhões por ano em 2017 e 2018 e a projeção é repetir o mesmo valor neste ano. O setor emprega atualmente cerca de 250 mil pessoas. A entidade afirma ainda que motéis que investiram em novas tecnologias, melhorias, gastronomia, entre outros, chegaram a crescer de 10% a 15% ao ano.