Impulsionado pelo aumento das exportações para a China, o preço da carne vermelha disparou nos açougues no mês de novembro no Brasil. Casas especializadas no produto já amargam queda de até 30% do movimento. Em supermercados, os consumidores têm escolhido frango, peixe e cortes suínos como alternativas. Há aqueles que já decretaram o fim do churrasco de fim de ano por causa do salto nos preços.
Para quem não acompanhou, um breve resumo: por causa de mais uma peste suína, o mercado chinês tem investido no aumento da produção de frangos e na importação de carne de porco e bovina. No caso da carne de boi, o Brasil é o único exportador com capacidade para suprir o mercado da China. Com isso, somente no mês de novembro, houve um aumento de 62% no volume exportado em relação ao mesmo período de 2018.
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Numa casa especializada em carnes e frios, o encarregado Edgleison da Silva disse que ao mesmo tempo em que o preço da carne subiu, o faturamento caiu. “O movimento despencou cerca de 30%. As pessoas vêm, olham o preço e vão embora”, conta ele. Já no açougue de uma grande rede de supermercados, o chefe de carnes e aves, Agnaldo de Oliveira, diz que as pessoas estão trocando o bovino pelo peixe, frango ou porco. “As pessoas esperam que o preço baixe para voltar a consumir, mas este ano a gente só viu subir o preço.”
A afirmação de que o preço da carne bovina, em 2019, só fez subir procede. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à USP, o preço do Boi Gordo (por arroba de 15 kg) iniciou o ano em R$ 149. Nesta segunda-feira (2), o valor já estava em R$ 229, e durante o ano o preço variou muito pouco para baixo – movimento sempre seguido por uma forte alta.
Somente no último mês, as peças mais compradas pelos consumidores sofreram aumentos de cerca de 40% no mercado. O quilo da costela passou de R$ 11,99 para R$ 19,99; coxão subiu de R$ 24,99 para R$ 37,99; o patinho, que custava R$ 27,99, agora é encontrado por R$ 34,99. Já o tão querido filé mignon passou de R$ 45 para R$ 65. Com preços mais salgados, os churrascos das festas de fim de ano estão ameaçados. Os cortes mais disputados, como bananinha (R$ 29,99), fraldinha (R$ 32,99) e picanha (R$ 44,99) estão ficando esquecidos nas prateleiras.
A disparada nos preços forçou o consumidor a mudar de hábitos. A dona de casa Fabiana Caetano, 36 anos, disse que tem usado a criatividade para criar alternativas. “Omelete, receitas com frango e porco estão mais comuns lá em casa.” O empresário Jair Lira, 58, diz que não sentiu tanto o impacto porque já costumava investir em carnes de mais qualidade. “Carne pesa em qualquer orçamento, mas acho que as famílias de menor poder aquisitivo estão sofrendo mais o impacto.” Já a dona de casa Paula Figueiredo, 35, disse que suspendeu o consumo de carne de boi e decretou o fim das festas de fim de ano. “Hoje praticamente não compro mais carne e o churrasco de confraternização está cancelado. É muito caro.”