Pela primeira vez na sua história, a Copa do Mundo terá árbitros de vídeo para auxiliar os profissionais do apito que estiverem em campo. Na Rússia, a partir de hoje, 13 profissionais irão acompanhar exclusivamente os duelos dentro de cabines no International Broadcast Centre (IBC), em Moscou. Outros sete de linha também irão desempenhar a função. Mas uma coisa não muda: a decisão final permanece sendo tomada pelo juiz que comanda o jogo. A novidade exigiu investimento financeiro da Fifa, treinamentos por parte dos “homens do apito” e das 32 seleções que disputarão o Mundial.
O Brasil terá dois árbitros de vídeo na Copa do Mundo. Wilton Pereira Sampaio, da Federação Goiana de Futebol (FGF), atuará exclusivamente nesta função. O outro será Sandro Meira Ricci, o mesmo que integrou o quadro de arbitragem da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) entre 2013 e 2014, e que hoje está na Federação Catarinense. Ele trabalhará de maneira híbrida na competição, podendo ser acionado em campo ou no vídeo. Hoje, será o quarto árbitro no duelo de abertura, entre Rússia e Arábia Saudita, às 12h.
“Não tivemos o VAR (árbitro assistente de vídeo, na sigla em inglês) na Copa no Brasil. Essa é a grande diferença entre os dois Mundiais. Nós nos preparamos bastante, desde 2016, fizemos seminários, simulações e estamos prontos”, comentou Sandro Ricci.
Serão quatro árbitros de vídeo a cada partida do Mundial. Eles serão auxiliados por 35 câmeras e uma ilha de edição, que trará vários ângulos do mesmo lance quase que simultaneamente, na tentativa de agilizar ainda mais a decisão. Anteontem, em Moscou, sete profissionais participaram de uma série de simulações de lances com atletas do time sub-20 do Lokomotiv Moscou. A atividade foi aberta à imprensa.
O auxílio do vídeo terá a iniciativa de entrar em ação em quatro situações de jogo: marcação de gol, cartão vermelho, marcação de pênalti e identificação errada de jogador punido. As marcações interpretativas, quando a bola bater ou não mão, por exemplo, serão decididas dentro de campo, com o próprio árbitro de vídeo observando o monitor que fica ao lado do gramado. O atleta que tentar pressionar a arbitragem neste momento, será advertido com cartão.
A própria seleção brasileira passou por um treinamento anteontem, para entender o funcionamento do VAR. Quem ministrou a aula foi o ex-árbitro brasileiro Wilson Luís Seneme, que integra Comitê de Arbitragem da Fifa.
“O objetivo máximo desta reunião é o controle do espetáculo, do profissionalismo. Depois, queremos que jogadores e comissões técnicas entendam qual foi o trabalho feito nos últimos quatro anos com os árbitros, com quais critérios eles vão atuar na Copa do Mundo”, afirmou Seneme ao site oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O uso do VAR ainda está distante do futebol brasileiro, que reclama dos custos a serem pagos pela tecnologia. Contudo, Pernambuco é pioneiro nessa área, tendo usado o vídeo nas finais do Campeonato Pernambucano do ano passado, entre Sport e Salgueiro. A FPF não revelou quanto foi investido na ocasião. Nem a Fifa confirma os valores gastos na Copa do Mundo. Contudo, no Brasil, as despesas foram estimadas em R$ 50 mil a cada duelo.