A Justiça do Rio Grande do Sul acolheu a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra quatro torcedores do Grêmio acusados de ofender o goleiro Aranha, do Santos, com injúrias raciais. O processo contra Eder de Quadros Braga, Rodrigo Machado Rychter, Fernando Moreira Ascal e Patrícia Moreira da Silva vai tramitar no Juizado do Torcedor, sob o comando do juiz de Direito Marco Aurélio Martins Xavier.
O magistrado também aplicou medida cautelar proibindo os quatro torcedores de frequentar estádios nos quais o Grêmio esteja jogando, seja como mandante ou visitante. Nessas ocasiões eles terão de se apresentar a uma delegacia de polícia de Porto Alegre. Em caso de descumprimento, serão submetidos ao uso de tornozeleira eletrônica. Os acusados poderão se livrar do processo se aceitarem algumas condições que a Justiça vai apresentar em audiência marcada para 24 de novembro. As imposições para a concessão do benefício não foram divulgadas, mas, em casos similares, têm sido de pagamento de multa e prestação de serviços comunitários.
Os incidentes ocorreram pouco antes do final do jogo disputado dia 28 de agosto, na Arena do Grêmio, e vencido pelo Santos por 2 a 0. Patrícia foi flagrada pela câmera de uma emissora de televisão gritando a palavra "macaco". Os outros imitaram sons e gestos do animal. A jovem admitiu ter cometido ato impensado e pediu perdão publicamente ao goleiro. Os rapazes disseram que não ofenderam o jogador.
"Os acontecimentos revelaram-se atentatórios à honra do ofendido com requintes de menosprezo racial, o que é inadmissível na realidade contemporânea", afirmou o magistrado, ao acolher a denúncia. "As ofensas envolvem uma senda de violência e fanatismo, que permeiam o ambiente dos estádios, fomentando a violência e alimentando essa chaga social que é o preconceito racial". Para o juiz, "somente com apuração e responsabilização, teremos medidas pedagógicas que inibirão os fatos dessa natureza".