Está marcado para esta terça-feira (16) o júri popular dos três acusados de jogar, do anel intermediário do Arruda, o vaso sanitário que matou o soldador naval Paulo Ricardo Gomes, de 26 anos, no dia 2 de maio de 2014. O julgamento do caso, que aconteceu há mais de um ano, ocorrerá na 2ª Vara do Tribunal do Júri para começar, a partir das 9h, no Fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), sete pessoas da lista de convocados serão sorteadas para formar o júri. Everton Felipe Santiago Santana, de 23 anos, Luiz Cabral de Araújo Neto, 30, e Waldir Pessoa Firmo Júnior, 34, vão responder por homicídio consumado e três tentativas de homicídio.
Formado o Conselho de Sentença tem início o depoimento das testemunhas. Depois começa o interrogatório dos réus e em seguida os debates de defesa e acusação. Após isso, os jurados votam, numa sala secreta, se consideram os réus culpados ou inocentes. Se houver absolvição, deixam o tribunal livres. Em caso de condenação, o juiz fixa a pena, considerando os agravantes ou atenuantes. Veja as linhas de defesa e acusação do caso.
"O Ministério Público de Pernambuco vai sustentar que houve um homicídio com dolo direto. O ódio deles é com relação à Torcida Jovem e por isso arremessaram os vasos para atingir qualquer pessoa que estivesse ali naquele momento. Isso é muito grave. É um dolo direto, e não eventual”, sustentou o promotor Roberto Brayner
"Estamos montando uma linha para mostrar que houve, na verdade, uma lesão corporal grave que resultou em morte. Foi um ato tresloucado. Eles estavam alcoolizados e sacudiram o vaso de forma aleatória. Daquela altura não tinham como dosar a força e calcular onde iria cair”, disse Carlos Alberto Rodrigues Lima, advogado de Luiz Cabral.
"Eles erraram sim, mas não tiveram a intenção de matar. Eles jogaram os vasos como uma forma de protesto contra a diretoria por causa dos maus resultados do time. Nossa tese, então, será a de desqualificar os crimes para homicídio culposo e lesões corporais”, afirmou Jurandir Alves de Lima, advogado de Waldir.
“Estamos acreditando e confiantes. Desde o ocorrido, houve logo uma ação. A polícia trabalhou, a justiça trabalhou, até pela repercussão do caso. Estamos confiantes que o Ministério Público também vai fazer a sua parte. O país em que vivemos muitas vezes é injusto, a impunidade acontece, por isso tantos atos de barbaridade. Acreditamos que eles peguem a pena máxima para que seja abrandado esse sofrimento, essa dor”, disse o tio da vítima, Tiago Valdevino. No entanto, nada, nem a condenação do trio vai preencher o vazio que sente o pai do jovem (ver entrevista abaixo). Ainda muito abalada, a mãe não quis dar entrevista.
Naquela noite de 2 de maio 2014, a partida entre Santa Cruz e Paraná, pela terceira rodada da Série B do Brasileiro, terminou em empate por 1x1. Após o jogo é que veio a derrota. Do futebol pernambucano. Os integrantes da Inferno Coral, Waldir, Luiz e Everton, arremessaram dois vasos sanitários do Arruda. Um atingiu em cheio o “rival” da Torcida Jovem Paulo Ricardo que estava dando apoio à organizada coligada do Paraná. Ele morreu na hora. Outras três pessoas ficaram feridas. Os estilhaços da violência, no entanto, são sentidos por todos até hoje.