Dois de setembro de 2015. Uma data que vida e morte, coincidentemente, fizeram José Paulo Gomes da Silva aguardar. Dois sentidos antagônicos que o destino reuniu em um fatídico dia. Hoje ele vai para o Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, onde a partir das 9h, será realizado o júri popular dos três acusados de ter arremessado dois vasos sanitários do anel intermediário do Arruda e matado o seu filho, Paulo Ricardo Gomes, de 26 anos. Hoje é o aniversário de seu José Paulo, que completa 58 anos. Hoje, independentemente do resultado do julgamento, ele não vai ter o que comemorar.
Não existe presente para quem perdeu a alegria. Ela foi embora naquele 2 de maio do ano passado quando tiraram a vida do meu filho. Nada vai trazê-lo de volta. Por isso, o que espero para amanhã (hoje) é apenas que seja feita a justiça e que os acusados peguem a pena máxima. Não tenho mais aniversários. Não tenho mais vida”, lamentou José Paulo, com a voz embargada. Ele soube que o júri seria realizado justamente no seu aniversário no dia 16 de junho deste ano, quando o julgamento foi adiado porque o réu Waldir Pessoa Firmo Júnior destituiu seu advogado. “Quando disseram a nova data, naquele dia, nem lembrei. Só depois que me dei conta. Pensei: é o destino! Nenhum pai gostaria de no dia do aniversário ir pro julgamento da morte do filho. Mas algum motivo deve ter”, completou.
Além de Waldir, Luiz Cabral de Araújo Neto e Everton Filipe Santiago Santana são acusados de homicídio consumado e três tentativas de homicídio duplamente qualificado. Isto porque os vasos também atingiram Vanderson Wilderlan Gomes Alves, José Adrian Ferreira de Lima e Tarkini Kauã Gonçalves de Araújo. O júri será presidido pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques.
O promotor Roberto Brayner, responsável pela acusação, está confiante na condenação do trio e que o júri termine hoje mesmo. “Acredito que não deve se estender por mais de um dia. Tudo prova que houve um homicídio com dolo direto, que eles atiraram os vasos com a clara intenção de matar”, disse.
O novo advogado no caso será José Rômulo Alves de Alencar e vai representar Waldir. “Tive acesso ao processo no começo do mês de agosto, mas foi tempo suficiente para montar a defesa do meu cliente. Vou tentar desclassificar as tentativas de homicídio para lesões corporais já que as perícias indicaram apenas ferimentos superficiais e vou sustentar que no homicídio houve dolo eventual, ele não queria matar, embora tivesse assumido esse risco”, disse.