Acusado de fraude fiscal pela Justiça espanhola, o craque Lionel Messi prestou depoimento nesta quinta-feira (2) ao Tribunal de Barcelona e alegou desconhecimento das operações realizadas pela sua empresa. O jogador garantiu que não comandava os negócios da mesma e explicou que só assinava os documentos sob instruções de seu pai.
Messi e seu pai, Jorge Horacio Messi, foram imputados por três acusações de fraude fiscal e podem ser condenados a até dois anos de prisão se forem considerados culpados de fraudar o fisco espanhol em cerca de 4,1 milhões de euros (aproximadamente R$ 16,5 milhões) entre 2007 e 2009. É improvável que qualquer um deles vá para a prisão, mas podem receber multas milionárias e perder os benefícios fiscais no futuro.
No julgamento desta quinta, Messi alegou que assinava os documentos sem lê-los por confiar em seu pai e nos conselheiros responsáveis por administrar sua fortuna. "Eu não sabia de nada. Eu só me preocupava em jogar futebol", afirmou o craque ao tribunal.
Nos dois primeiros dias de julgamento, a defesa de Messi já havia indicado que sua estratégia se basearia na suposta falta de conhecimento de Messi dos negócios de seu pai relacionados com contratos e assuntos tributários. Um especialista chamado pela defesa chegou a dizer que algumas das assinaturas nos contratos pareciam ser falsificadas, o que contribuiria para a teoria de que o jogador não participava dos negócios.
O Ministério Público espanhol, no entanto, argumenta que, embora Messi não tivesse muito conhecimento de assuntos tributários, há evidências suficientes para acreditar que ele conhecia e aprovava a criação de empresas de fachada para evadir o pagamento de impostos das milionárias receitas pelos seus direitos de imagem.
Messi, no entanto, garantiu não ter conhecimento de nenhuma infração e insistiu na versão de que seguia apenas as ordens de seu pai e seus funcionários. "Eu assinei o que meu pai me dizia para assinar, porque confio nele. Confio no meu pai, e meus advogados diziam que eu podia assinar os documentos."
O craque também alegou desconhecimento do destino de parte de sua fortuna, que ia para empresas criadas em países como Uruguai, Suíça e Belize. As autoridades espanholas alegam que esta manobra servia para diminuir a carga tributária dos milhões recebidos por seus direitos de imagem.
"A única coisa que eu sabia é que nós assinávamos acordos com diferentes patrocinadores e eles pagavam para mim para fazer propagandas, fotos e coisas deste tipo", afirmou. "Mas eu não sabia como este dinheiro chegava ou para onde estava indo."
O pai de Messi entoou o discurso do filho e também o eximiu de culpa ao citar seu desconhecimento dos detalhes do contrato e das estruturas criadas em outros países para lidar com sua fortuna. "Eu não achava que era necessário informá-lo de tudo", alegou José Horacio.