Jogador do Equador é acusado de fingir mal-estar para fugir da polícia

Enner Valencia, é alvo de uma ordem de prisão emitida há duas semanas pelo atraso de pagamento da pensão de sua filha de seis anos
AFP
Publicado em 07/10/2016 às 20:27
Enner Valencia, é alvo de uma ordem de prisão emitida há duas semanas pelo atraso de pagamento da pensão de sua filha de seis anos Foto: Foto: Juan Cevallos / AFP


Destaque da vitória por 3 a 0 do Equador sobre o Chile, na quinta-feira, Enner Valencia desencadeou uma onda de especulações por ter deixado o campo de ambulância quando a polícia pretendia prendê-lo por não pagar pensão alimentícia.

Atacante do Everton, clube da Premier League inglesa, Valencia é alvo de uma ordem de prisão emitida há duas semanas pela polícia do seu país por atrasos no pagamento de cerca de 17.000 dólares em pensões para sua filha de seis anos.

Na partida contra o Chile, válida pelas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo de 2018, o atacante infernizou a defesa adversária e deu passe para o primeiro dos três gols equatorianos, marcado pelo 'xará' Antonio Valencia.

A dez minutos do fim, porém, quando a seleção da casa já vencua por 3 a 0, Enner desabou no gramado do estádio Olímpico Atahualpa de Quito, aparentando sofrer com a altitude de 2.850 m da capital equatoriana.

O atleta de 26 anos deixou o campo de maca, com máscara de oxigênio no rosto, e foi evacuado do estádio de ambulância.

Vários policiais correram atrás do veículo, mas não conseguiram alcançá-lo.

Passada a preocupação pela saúde do jogador, vieram logo os questionamentos: será que Valencia realmente passou mal, ou será que resolveu simplemente escapar das autoridades?

"É lamentável que certos membros da polícia não tenham colaborado com a detenção de Enner Valencia, para o cumprimento da ordem judicial", denunciou na imprensa local Paul Marín, advogado da mãe da filha do atacante.

"Se dizem que esse senhor ganha tanto dinheiro, por que não paga mensalmente a pensão?, indagou.

 

- Federação mantém silêncio -

De acordo com Conselho Judicial equatoriano, Valencia não paga a pensão de cerca de 5 mil dólares por mês desde junho.

"É algo pessoal, por isso não vamos dar nenhuma informação a respeito", disse à AFP uma fonte da Federação Equatoriana de Futebol (FEF).

Na quinta-feira, Gonzalo Vargas, empresário de Valencia, explicou no Twitter que a justiça equatoriana emitiu durante a partida uma liminar que "deixou sem efeito a ordem de prisão".

O advogado do atleta, Juan Carlos Carmigniani, confirmou nesta sexta-feira à AFP que "a ordem de prisão foi revogada", mediante a apresentação de uma garantia que cobre as pensões até o dezembro, e o pagamento de uma multa 10.000 dólares para deixar sem efeito a proibição de deixar o país.

"Esta perseguição circense da polícia atrás da ambulância, não teve nenhum motivo, porque, no momento em que o senhor Valencia deixou o campo, a ordem de prisão já tinha sido revogada", alegou Carmigniani.

O advogado ainda afirmou que o atacante "se encontra em uma clínica de Quito, sob guarda policial, a espera do ofício da corte que comprova que a ordem de prisão foi revogado".

Não se sabe se Valencia terá condições de viajar a La Paz, onde a seleção equatoriana enfrenta a Bolívia, na próxima terça-feira.

O certo é que, se o jogador é realmente sensível à altitude, é melhor preparar outra máscara de oxigênio, já que a partida será disputada a 3.600 m acima do nível do mar.

Se o problema for outro, ele só precisa mesmo de bom advogado. 

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