Seleção brasileira derrota Venezuela por 2x0 e lidera Eliminatórias

Seleção passou o Uruguai, que só empatou com a Colômbia por 2x2
Estadão Conteúdo
Publicado em 12/10/2016 às 0:26
Seleção passou o Uruguai, que só empatou com a Colômbia por 2x2 Foto: Foto: AFP


Após passar pelo purgatório no primeiro turno das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, quando chegou a estar fora da zona de classificação, a seleção brasileira retomou nesta terça-feira o primeiro lugar na competição com uma vitória de 2 a 0 sobre a Venezuela, no estádio Metropolitano de Mérida, na Venezuela.

Ainda que contra o lanterna do torneio, a quarta vitória seguida sob o comando do técnico Tite, com futebol de toques rápidos, marcação eficiente e faíscas de individualidade, principalmente de Gabriel Jesus e Renato Augusto, consolida a recuperação da seleção, após uma série de insucessos desde a derrota para a Alemanha na semifinal da Copa de 2014.

FALTOU ENERGIA NO JOGO ENTRE BRASIL E VENEZUELA

O jogo foi interrompido aos 28 minutos do segundo tempo por uma queda de energia, mais uma evidência da grave crise que afeta a Venezuela, que provocou protestos da torcida contra o presidente Nicolás Maduro. Cerca de 20 minutos depois, no entanto, a luz retornou parcialmente. Na próxima rodada das Eliminatórias, o Brasil recebe a Argentina, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, em 10 de novembro.

Já houve um tempo em que jogo contra a Venezuela pelas Eliminatórias era certeza de goleada. Nesta terça-feira, no entanto, diante de um gramado ruim, chuva e uma torcida empolgada, a seleção disputou um primeiro tempo equilibrado contra a equipe local. A diferença entre as duas equipes residiu na frieza - ou ausência de - de suas duas principais revelações: Gabriel Jesus e Peñaranda.

O atacante palmeirense, ao receber um presente do goleiro Dani Hernández, que soltou a bola a seus pés na entrada da área, teve toda calma do mundo para encobri-lo e calar as quase 40 mil pessoas que driblaram uma crise econômica gravíssima para torcer pela Venezuela no estádio. Peñaranda, por outro lado, teve duas chances - uma delas em bela arrancada pela esquerda, driblando defensores brasileiros com agilidade e habilidade. Na hora de finalizar, no entanto, lhe faltou a tranquilidade que sobrou para Gabriel Jesus.

O restante do primeiro tempo, apesar do bom toque de bola da equipe de Tite, rendeu chances mal aproveitadas em finalizações de Philippe Coutinho e Paulinho. Sem Neymar, coube ao jogador do Liverpool cair pela esquerda do ataque, apostando, às vezes demais, em jogadas individuais. William, na direita, apareceu várias vezes bem no ataque. Coube a ele, no começo do segundo tempo, ampliar o placar em jogada pela direita, aos 7 minutos. Gabriel Jesus ainda teve chance de fazer o terceiro, após boa jogada de Renato Augusto e Phillipe Coutinho, mas bateu mal.

Há distinções também entre os dois momentos da seleção, com Tite e com Felipão - este durante a Copa de 2014. E eles são gritantes. Hoje, o jogo flui naturalmente, desde a saída de bola na defesa até o ataque. Fernandinho, um dos destaques negativos na partida contra a Alemanha, fez sua segunda partida como titular sob o comando de Tite, em virtude da lesão de Casemiro, e mostrou segurança e eficiência na proteção da zaga, com antecipações e desarmes precisos. Renato Augusto tem excelente passe e visão de jogo e faz a engrenagem do meio de campo girar

Mas talvez a grande diferença seja o comando de ataque. Parafraseando o técnico da seleção, Gabriel Jesus "é de verdade" O atacante precisou de apenas quatro jogos para fazer seu quarto gol em quatro jogos nas Eliminatórias e ultrapassou Neymar, com três, para ser o artilheiro do Brasil no torneio. Além do belo gol, o palmeirense soube fazer com competência o pivô e trocar passe com seus companheiros de ataque.

Como disse Tite na véspera do jogo, algo estaria errado se o Brasil dependesse de Neymar - ainda mais contra a Venezuela. Taticamente, o posicionamento da equipe evolui gradativamente. As linhas de quatro, intercaladas pelo volante de proteção à zaga e o centroavante, são compactas e a equipe sai em bloco ao ataque.

O ponto negativo da atuação na seleção foi o lateral-direito Daniel Alves. O jogador da Juventus sofreu com os avanços de Peñaranda - o melhor jogador da Venezuela - em suas costas. No ataque, apareceu pouco, com apenas um cruzamento no primeiro tempo e outro no segundo.

Além de Peñaranda, o grande destaque da equipe da casa foi a torcida. Cantou, vaiou o Brasil e incentivou a equipe local o tempo todo. Antes do jogo começar cantou em três oportunidades "Vai cair, vai cair, esse governo vai cair". Aos 28 minutos do segundo tempo, quando acabou a luz no estádio, o grito voltou a ecoar no estádio, anunciado como "obra da revolução bolivariana", junto de um pedido: "Fora, Maduro".

No fim, para eles a derrota por 2 a 0 ficou de bom tamanho. Como se não bastasse a dureza da crise de escassez e hiperinflação, a equipe segue sem vencer nas Eliminatórias, com apenas dois pontos, na lanterna da tabela de classificação. Uma goleada como as de antigamente seria demais.

TAGS
Seleção
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory