Figuras constantes durante as partidas, além dos onze jogadores em campo, os médicos dos clubes convivem com uma rotina de lesões, prevenção, gripes e até caxumba. Eles se fazem presentes também durante os treinos dos times, em alerta, para algum caso de emergência. Os médicos de Náutico, Sport e Santa Cruz, apesar de vestirem cores diferentes, chegam a pontos de concordância: as lesões mais comuns em seus respectivos departamentos são as musculares.
Por ser um problema recorrente, existe um empenho maior nos trabalhos de prevenção no Trio de Ferro da capital pernambucana. "Nossa principal função hoje em dia é de prevenir lesões. O objetivo da gente como médico no esporte é tentar não trabalhar. ", disse o diretor médico do Leão, Cléber Maciel. O rubro-negro afirma que o trabalho preventivo levou o Sport a ter uma média de lesões menor que na temporada passada e nenhuma com necessidade de cirurgia.
Com visão semelhante, o médico Múcio Vaz, do Náutico, explica que as lesões musculares se dão pela intensidade do esporte na atualidade. "Estão chegando próximo ao limite dos atletas. Têm muitos jogos, próximos um do outro, às vezes dois ou três campeonatos simultâneos. Isso causa cansaço e fadiga muscular. É frequente tanto pelo tipo de treino como pela quantidade de jogos e vários campeonatos", elucidou Vaz. Pancadas na cabeça, como a sofrida pelo goleiro Julio Cesar duas vezes esse ano, apesar de temidas, não são recorrentes.
Rodrigo Arruda, médico do Santa Cruz, listou o músculo adutor e a região posterior da coxa como áreas mais propícias a lesões. "Focamos a questão de prevenções, no sentido de avaliar diariamente, tirar do treino no momento que está mais cansado. É o que a gente faz na pré-avaliação e o que faz ter um baixo número de lesões em comparação com outros clubes da Série A", disse o tricolor. Os casos mais graves, segundo ele, são ligamentares e, por vezes, casos de lesões de cartilagem.
Mas há também situações um tanto quanto inesperadas, como aconteceu recentemente com a equipe médica do Santa Cruz. O meia argentino Pisano pegou caxumba. No Brasil, a vacina contra a doença é dada logo na infância, a tríplice viral. Porém, na Argentina não faz parte dos requisitos. Para adultos, a vacinação só é dada em locais onde há epidemia. "Temos profissionais que diagnosticaram rápido e não aconteceu um caso de surto. O diagnóstico precoce é importante para isolar rapidamente o atleta", explicou Arruda.
Os departamento médicos também precisam lidar com doenças do cotidiano, tidas como problemas não ligados diretamente à atividade esportiva. "Como eles treinam bastante, viajam, às vezes dá baixa imunidade. Tratamos gripes com muito líquido e vitamina C, antigripal, xarope. Tosses, dores de cabeça, náusea e indisposição alimentar também acontecem", relatou Múcio Vaz. De acordo com Arruda, os atletas passam por uma avaliação nesses casos. "Nós fazemos a intervenção necessária. Temos uma equipe multidisciplinar com profissionais de ortopedia, clínica médica e medicina esportiva", citou o médico tricolor.
Durante a epidemia de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, os DMs também precisaram agir. "Tem que ter cuidados dia-a-dia, como repelentes, durante surto de zika. Sempre fiscalização para dengue, tanto no centro de treinamento quanto na Ilha", relembrou Cléber Maciel.
Para funcionar de modo eficaz, os três médicos também mostram que Náutico, Sport e Santa Cruz têm outros pontos semelhantes. Os profissionais de saúde destacam o trabalho em conjunto com a comissão técnica e os departamentos de fisiologia dos clubes para evitar e amenizar a possibilidade de jogadores machucados.