Chamado de Hexagonal da Permanência do Campeonato Pernambucano pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF), a competição que reúne quem não disputa o Hexagonal do Título (que conta com a presença de Sport, Náutico e Santa Cruz) se caracteriza, cada vez mais, como o “Hexagonal da Morte”, principalmente para os interioranos - o América, da capital, também esteve no grupo este ano. Os estádios praticamente vazios e a falta de verba por conta da ausência dos jogos contra os considerados times grandes causam preocupação quanto à sobrevivência de muitos clubes de Pernambuco.
Afogados, América, Atlético-PE, Flamengo, Serra Talhada e Vitória jogaram 48 partidas na edição 2017, contabilizando a 1ª fase e o Hexagonal da Permanência, finalizado quarta-feira passada e que rebaixou para a Série A2 Serra Talhada e Atlético. O público total nos seis estádios utilizados pelas equipes é ínfero. De acordo com os borderôs, disponibilizados pela própria FPF, apenas 16.529 pessoas compareceram aos campos, somados os públicos de todas partidas destes seis times. A renda total também é fraca: R$ 123.615,45 foram arrecadados nos jogos. Vale ressaltar que os borderôs não mostram os custos com o trio de arbitragem e todos os gastos necessários em cada confronto, como transporte e alimentação dos atletas, fatores que diminuem ainda mais a receita.
“Quando foi realizado o conselho arbitral da Série A1, eu estava disputando a Série A2. O Afogados jogou um campeonato definido pelos outros. Nesse regulamento aí, os grandes só jogam na segunda fase. Eles não podem cair. Quem me garante que eles não caíam para a segunda divisão? Os clubes do interior estão sendo minados um a um. Tem gente aqui na cidade que torce para os clubes da capital e nunca viu de perto os seus times do coração, porque esse regulamento não deixa”, disse Ênio Amorim, presidente do Afogados.
Apenas 344 pessoas compareceram, em média, a cada partida. Mas, dos 48 jogos, oito foram de portões fechados e não tiveram público, fator que “alivia” o número. Sete dessas partidas foram do Atlético-PE, que não entregou todos os laudos do Paulo Petribú e só teve torcida em um confronto. O Tatu-Bola terminou com um débito de R$ 2.027,40.
A maior queixa dos clubes intermediários que disputam o hexagonal da morte é de não puderem enfrentar os times grandes do Estado. E o Atlético-PE nunca teve este privilégio na sua história. Foram três anos na elite – 2015, 2016 e 2017 – e nunca a equipe de Carpina teve pela frente Náutico, Sport ou Santa Cruz, uma vez que não passou da 1ª fase.
Outra agremiação prejudicada com a ausência de partidas contra o Trio de Ferro é o América. Dono da segunda pior média de público do Pernambucano, com apenas 129 torcedores por jogo, o Mequinha tem uma média bem mais alta quando tem pela frente um time grande.
Se somados os últimos públicos contra o Leão (2011, 2012 e 2016), o Periquito teve uma média de 5.922 torcedores no estádio. Contra o Santa Cruz, neste mesmo período, foram 4.995 pessoas. E contra o Timbu, foram 3.632 espectadores, também nos últimos três confrontos. Números considerados grandes para o padrão do clube, mas que, por si só, não ajudam a pagar as contas no fim do mês.
“A gente depende da bilheteria, mas só a bilheteria não paga os custos. Não temos patrocínio. Quem banca o América são poucas pessoas que amam o clube. Por jogo no Ademir Cunha, o América gasta R$ 6 mil. A gente não tem o apoio de uma prefeitura, como acontece com os times do interior. Nós fechamos o Campeonato Pernambucano com as contas no vermelho”, afirmou Tércio Trindade, diretor de futebol do alviverde.