De volta ao Náutico, Camutanga tem carreira marcada pela superação

Zagueiro teve lesões sérias nos dois joelhos e já pensou em parar de jogar futebol
Diego Toscano
Publicado em 25/10/2018 às 9:07
Zagueiro teve lesões sérias nos dois joelhos e já pensou em parar de jogar futebol Foto: Diego Nigro/JC Imagem


Não faltaram motivos para Cleidson desistir da carreira: dificuldades financeiras em cidade do interior de Pernambuco, ausência de um bom trabalho de base e duas lesões sérias como júnior e profissional. O zagueiro do Náutico de apenas 25 anos até pensou em desistir, mas não deixou de lutar. Natural da cidade que carrega na camisa, Camutanga deu duas vezes a volta por cima na carreira. Em um ano, saiu de aposta do Bangu para se consolidar na zaga do Timbu.

Nascido em cidade a 113 km da capita pernambucana, Camutanga começou a carreira direto no profissional, sem passagem em categorias de base. A sua primeira grande chance foi com 19 anos, no Auto Esporte (PB). “Pelo fato de morar numa cidade do interior, tive muitas dificuldades. É mais fácil para os jogadores da capital, porque os times que tem base forte são de lá. Tinha dificuldades com transporte e também na parte financeira. Por isso que não comecei a treinar desde o infantil”, afirmou o jogador.

Em 2012, passou em teste para o juniores do Sport, onde ficou por dois anos e chegou a ser vice-campeão do Pernambucano sub-20. Quando assinou contrato para o profissional, sofreu a primeira grande queda no futebol: rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Foram seis meses se recuperando. “Eu era muito novo. Estava começando e em boa fase no juniores do Sport quando rompi o ligamento. Quando você recebe a notícia, bate o desespero. Quando comecei a sentir muita dor, no início da fisioterapia, falava direto que não ia voltar mais. Graças a Deus tive pessoas do meu lado que me deram apoio e me fizeram voltar a ter vontade de jogar”, disse.

Na temporada 2014, voltou e foi um dos destaques do Auto Esporte no Paraibano, sendo eleito para a seleção do torneio e também a revelação. Mas os prêmios vieram com novo sabor amargo: outra lesão de ligamento cruzado anterior, agora no joelho direito e com sete meses de recuperação. “Na segunda lesão, botei na cabeça que ia dar a volta por cima de novo. E as coisas aconteceram”, explicou.

Depois de outro vice-campeonato, no Vitória de Santo Antão (Série A2), passou por Pesqueira no Pernambucano e Santa Rita-AL, time que até hoje tem contrato, até ser emprestado para o CSA, em 2016. Do banco, viu a equipe perder a final da Série D para o Volta Redonda. Voltou para o Santa Rita no ano passado, foi bem no Estadual e rumou para o Bangu, onde jogou a Quarta Divisão novamente e com Roberto Fernandes como treinador.

NÁUTICO

Por indicação de Roberto, chegou ao Náutico como aposta em 2018. No papel, era a quarta opção na zaga, com os experientes Camacho e Breno Calixto e o garoto Rafael Ribeiro na frente. No primeiro jogo da temporada, porém, viu Camacho se machucar com 16 minutos de jogo e conseguiu estrear. Do jogo contra o Itabaiana, na pré-Copa do Nordeste, até o final do ano, foi o terceiro jogador que mais atuou no ano pelo Timbu, com 35 jogos, atrás apenas do atacante Robinho (37) e do goleiro Bruno (40).

“Creio que foi uma temporada produtiva pra minha carreira. Para o clube também: voltamos a ser campeões depois de 13 anos. Infelizmente não conseguimos o maior objetivo do ano, a volta pra Série B. Mas fiquei muito feliz de ter vestido essa camisa. Espero dar continuidade em 2019”, disse.

Pernambucano, Camutanga acabou com a sequência de três vices em grande estilo: ganhando o Estadual na sua terra, contra o Central e ante mais de 42 mil pessoas na Arena. “Entrou para a história do clube e para a minha também. Nunca tinha sido campeão, seja como profissional ou amador. Sem sombra de dúvida, foi o meu melhor momento na carreira”, finalizou.

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