Quase duas semanas após ser dispensado do Santa Cruz, Carlinhos Bala quebrou o silêncio. Em entrevista ao repórter João de Andrade Neto, o atacante não perdeu a pose. Mesmo acumulando saídas seguidas dos três grandes do Estado, ainda se autointitula “Rei de Pernambuco”. E alimenta a esperança de um dia voltar a vestir a camisa de um deles. Por sinal, Bala disse ter gás para atuar até os 40 anos. E voltou a alfinetar o técnico Mazola Júnior. “Não treina nem meu time de pelada.”
JC - Desde a sua dispensa do Santa Cruz (há 14 dias) você recusou várias entrevistas. Porque essa reclusão?
Bala - Tentei me reservar um pouco para evitar polêmicas. Até porque minha saída do Santa foi normal. Mas me pegou de surpresa. Até hoje eu não entendi, mas isso já é passado. Não foi a primeira e nem será a última.
JC - O que a diretoria alegou para o dispensar?
Bala - O time fez um amistoso no domingo (contra o CSA) e na segunda, quando cheguei no Arruda, Zezinho (roupeiro) mandou eu ir na sala do Ataíde (supervisor de futebol). Eu já imaginava o que era. Quando o roupeiro manda passar na sala do supervisor a gente já sabe que é essa história de dispensa. Ataíde disse só que o Zé (Teodoro, técnico) não queria mais permanecer comigo.
JC - A sua contratação foi praticamente bancada pelo técnico Zé Teodoro já que houve resistência pública de alguns diretores. Acha que isso pesou na sua saída?
Bala - Acho que não.
JC - Ficou alguma mágoa com o Santa Cruz?
Bala - Não. Só tenho a agradecer às pessoas que me deram a oportunidade. Deus me colocou no Santa Cruz para ser campeão. E depois ele me tirou de lá. Sei que Deus tem algo melhor para mim. Mas a minha vontade era de ficar e colocar o Santa onde ele merece estar, que foi onde eu deixei, na Primeira Divisão. Mas não deu. Mas estou muito novo. Quem sabe não possa voltar, se Deus permitir.
JC - Você se autointitulou “Rei de Pernambuco”, mas acumula dispensas de Náutico, Sport e agora Santa Cruz. Bala ainda é o rei de Pernambuco?
Bala - Com certeza. Quem é rei nunca perde a majestade. Isso ninguém vai tirar de mim. Voltei para o Santa Cruz para ser campeão novamente. No Náutico, fui eu que pedi para sair. Isso vai permanecer até eu ficar velhinho. Vou ter histórias para contar para os meus filhos e para os meus netos.
JC - Acha que ainda tem espaço nos três grandes do Estado?
Bala - Futebol é momento. Eu me apego muito em Deus. Vamos esperar Deus abrir as portas. Sempre tive carinho pelos três grandes times do Recife. Não é porque eu fui dispensado que vou dizer que os clubes não prestam. O importante foi o que eu conquistei por eles. Minha única frustração foi não ter sido campeão pelo Náutico. Quem sabe um dia não possa voltar, ser campeão e carimbar a faixa de rei totalmente?
JC - Depois da sua saída do Santa, já recebeu propostas?
Bala - Tem uns quatro clubes (Fortaleza, Guarani, ASA-AL e Avaí). E recebi também uma ligação do Beira-Mar (Portugal) para voltar para lá. O mais importante é ter a cabeça no lugar. Estudar melhor as propostas. Graças a Deus não estou desesperado.
JC - Pretende jogar até quanto anos. Já pensa em se aposentadoria?
Bala - Quero jogar até os 40 anos. Sou uma pessoa que me cuido. Não tenho extravagância. Vou jogar até quando aguentar. Quando não aguentar eu paro. E vou cuidar do que eu conquistei. Dar uma folga no futebol porque é muito estressante.
JC - Para não encerrar a entrevista sem uma polêmica. Qual o melhor treinador com quem você trabalhou e qual o que você não gostaria de trabalhar de novo?
Bala - Gostaria de trabalhar com vários: Roberto Fernandes, Hélio dos Anjos, Geninho, Gallo. O único que não queria é esse tal do Mazola Júnior (ex-Sport). Não queria ele técnico nem do meu time de pelada, o Balax.