O número de médicos brasileiros inscritos como voluntários nos Jogos Olímpicos de 2016 superou o de estrangeiros nas últimas duas semanas, disse o chefe médico do Comitê Organizador Local (COL), João Grangeiro. Aproximadamente 750 profissionais brasileiros estão com nome na lista. Entre os estrangeiros, o número é quase 600, invertendo o quadro verificado pelos organizadores no início do mês.
"A expectativa é ter mais médicos brasileiros do que estrangeiros. Posso dizer que essa é a nossa expectativa e esse é o nosso sonho", destacou Grangeiro, ao acrescentar que o número de médicos estrangeiros costuma ser alto em todas as edições dos jogos. "Existe uma população de médicos estrangeiros que trabalha com a medicina do esporte há muito tempo e se programa a cada quatro anos para estar nas Olimpíadas. Eles tiram férias para poder estar com a gente aqui por 10, 20 dias."
O número de inscritos já supera a quantidade de médicos planejada para atuar nos jogos – entre mil e 1,2 mil profissionais. Os candidatos a voluntário, no entanto, ainda passarão por um processo seletivo antes de ter a participação confirmada. "Há muito espaço ainda [para inscrições], e o que a gente não pode esquecer é que, mais na frente, vai haver um processo seletivo também. Muitas dessas pessoas têm a intenção hoje de participar, mas, amanhã, acontece alguma coisa, e elas são obrigadas a ir embora e viajar, ou assumem outros compromissos. Então, a ideia é a gente continuar a incentivar fortemente que essas pessoas entrem no site até o dia 15 de dezembro e façam a inscrição."
Os candidatos passarão por análise curricular e entrevistas e deverão comprovar a formação declarada na inscrição. Esse processo ocorrerá depois do fim das inscrições. Em fevereiro ou março de 2015, a lista de participantes deve estar concluída.
Os médicos voluntários atuarão principalmente nas estruturas pré-hospitalares, que serão apresentadas na tarde desta sexta-feira (21) por João Grangeiro e integrantes da organização no 46º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia, no Rio de Janeiro. O evento nacional, que ocorre na cidade junto com congresso mundial da especialidade, tem sido um polo de atração de interessados, pois o COL montou um estande de inscrições e informações na área de exposições.
A estrutura que será apresentada por Grangeiro inclui postos de atendimento nos locais de competição, uma policlínica na vila dos atletas e ambulâncias. "A maioria desses médicos está familiarizada com competição esportiva, e a grande maioria atuará nos locais de competição, trabalhando junto com a equipe local prestando socorro aos atletas."
Segundo Grangeiro, é muito provável que hospitais públicos e privados sejam usados no atendimento de atletas durante os jogos. A expectativa dos organizadores é que a recorrência desses atendimentos seja pequena. "O que eu posso dizer é que, historicamente falando, o número de atletas e oficiais que necessitam de tratamento hospitalar, ou seja, que dão entrada num hospital é muito pequeno. Até porque, a gente monta uma estrutura e uma cadeia de atendimento pré-hospitalar que é bastante eficaz. O número de pessoas que acabam tendo necessidade de ir ao hospital é bastante reduzido."
As unidades de saúde que serão usadas ainda não estão definidas, mas o planejamento já está "desenhado", segundo o chefe médico. "A gente não tem nenhum interesse em sobrecarregar a rede pública ou a rede privada com o número extra de atendimentos."