Não é todo dia que um jovem de 20 anos chega à última etapa do Mundial de surfe na liderança. Por isso todas as atenções estão voltadas para o paulista Gabriel Medina na praia de Pipeline, no Havaí.
O brasileiro lidera o ranking com 56.550, seguido pelo australiano Mick Fanning (53.100), 33, e pelo americano Kelly Slater (50.050), 42.
Slater, onze vezes campeão mundial, também não passa despercebido, mas não sai de uma entrevista sem ter que responder o que acha sobre Medina. A resposta está na ponta da língua.
"Gabriel encontrou muitos desafios e surpreendeu as pessoas. É assustador como ele tem se saído tão bem desde que entrou no circuito", disse o americano.
Fanning também não escapa de ter sempre que opinar sobre o futuro de Medina. A ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), por exemplo, armou uma roda de entrevista com os dois surfistas na semana passada. Fez seis perguntas para os dois responderem as mesmas. Mas separou uma última só para Fanning: "o que você pode antecipar para ele (Medina) profissional e pessoalmente?".
Assim como Slater, o australiano encheu o brasileiro de elogios.
"Como quase todo mundo, não vejo nada além de grandes coisas para Gabriel Medina no futuro", disse Fanning.
"Ele é ultra-talentoso e também motivado como ninguém. Se ele continuar a melhorar, vai ter campeonatos mundiais e, provavelmente, uma grande estátua do Cristo Redentor", afirmou.
Medina chegou à praia de Pipeline, no Havaí, última etapa do Mundial, com três vitórias na bagagem em dez eventos disputados.
Seu sucesso é tão grande que ele saiu pouco da sua casa em Pipeline para evitar o assédio da imprensa e dos torcedores. Mas suas vitórias não passam despercebidas pelas ruas do Havaí.
Em North Shore, que fica na costa norte da ilha de Oahu, o paulista não é uma unanimidade, já que há também uma devoção por surfistas locais e Slater, mas já conquistou o respeito num local em que o surfe é muito mais do que um esporte.
"É incrível ver um surfista despontar tão rápido como Medina. Ainda falta muito para ele, mas tem mostrado que pode vencer qualquer adversário", diz o bancário Raymmond Felton, 45.
"Não dá para compará-lo com Slater, mas não podemos fechar os olhos sobre o que este cara (Medina) está fazendo. Está muito atrevido para quem tem apenas 20 anos (risos)", afirmou o estudante e surfista semiprofissional Derrick Simon, 23.
Medina está numa posição em que nenhum outro brasileiro esteve na história do surfe.
Mesmo na maior parte do tempo trancado na casa do seu patrocinador em Pipeline, o paulista diz sentir o carinho que tem recebido.
"Eu sei que eu tenho o apoio do Brasil e de outros lugares também. As pessoas que torcem por mim me inspiram", disse o surfista.
Com todos os holofotes sobre si, só resta agora o último passo: o título.
ADIAMENTOS - A luta pelo título do Mundial de surfe deste ano deve ficar para os últimos dias da disputa em Pipeline. A competição foi adiada pela sétima vez na terça (16) por causa das ondas muito pequenas (1,2 m). O prazo para o encerramento é sábado (20). A previsão indica boas ondas para sexta-feira.