O paulista Gabriel Medina, 20 anos, tornou-se nesta sexta-feira (19) o primeiro brasileiro a faturar o título de campeão mundial de surf profissional. Após vencer o havaiano Dustin Payne e avançar para as quartas de final da décima primeira e última etapa do circuito, disputada nas ondas de Pipeline, no Havaí, Medina viu seu conterrâneo Alejo Muniz vencer o australiano Mick Fanning, 33, segundo colocado no ranking, o que lhe garantiu o título da temporada. O Billabong Pipe Master ainda não foi concluído.
Acompanhado pela internet por milhares de pessoas, o campeonato mobilizou Maresias, praia de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, onde Medina mora e aprendeu a surfar. “O clima aqui é de uma final de Copa do Mundo”, disse à Agência Brasil o bacharel em direito e surfista, Marcos Antônio Ferreira Tenório Júnior. Com um grupo de amigos moradores de São Sebastião, todos praticantes de surf, Júnior viabilizou a instalação de um telão para exibir o evento para quem não tem acesso à internet. “Muitos jovens pobres de São Sebastião surfam, e o sonho de muitos é virar surfista profissional. Isso já acontecia antes, mas agora, com o sucesso do Medina, do Miguel Pupo e do Filipe Toledo, ficou ainda maior. A praia, hoje, parou”.
Este ano, o brasileiro liderou o ranking durante praticamente todo o ano – um fato raro. Das 10 etapas já concluídas, o brasileiro já venceu três - e ainda pode vencer esse último evento. O tricampeão mundial Mick Fanning também ganhou três campeonatos, mas enquanto o brasileiro já chegou quatro vezes à quinta colocação, o australiano obteve menos resultados semelhantes, terminando em posições piores que Medina nos outros eventos. Já o onze vezes campeão do mundo Kelly Slater até aqui não venceu nenhuma etapa em 2014.
Patrocinado por uma das mais poderosas multinacionais fabricante de artigos de surf desde 2009, a crescente popularidade de Medina lhe rendeu contratos com empresas estranhas à modalidade, como uma montadora de carros de luxo, uma empresa telefônica e fabricantes de celular e de refrigerantes. Só em prêmios, Medina recebeu, este ano, US$ 391 mil. Fora patrocínios, bônus por resultados, royalties por produtos com seu nome e outras ações de marketing.