A ausência de um jogo de equipe entre brasileiros e a falta de renovação de competidores foram eleitos pelos candidatos ao pódio na São Silvestre como os fatores que mais colaboraram para deixar o Brasil em desvantagem em relação aos rivais africanos.
A 90ª edição da corrida de rua mais importante no Brasil ocorre nesta quarta-feira (31), às 8h40 (disputa feminina) e 9h (prova masculina), mas a expectativa de vitória brasileira é quase inexistente.
A última vez que um fundista nacional venceu a prova masculina foi em 2010 (Marílson dos Santos), já a feminina foi em 2006 (Lucélia Peres).
"Analisando de maneira franca é muito difícil prever uma vitória brasileira neste ano. Temos bons competidores, como Giovani dos Santos e Joziane Cardoso, mas falta uma equipe forte, com fundistas de mesmo nível, como os quenianos têm", disse à Folha o técnico Henrique Viana da Pé de Vento.
A constatação do treinador não fica distante da dos principais fundistas brasileiros que vão estar na prova desta quarta.
"Não conseguimos formar um bloco de brasileiros para competir em igualdade com os quenianos. Ano passado, eu fiquei espremido em um bloco com cinco quenianos. Eles têm estratégias claras, revezando quem dá o ritmo da corrida. É difícil ter fôlego sozinho para enfrentar cinco adversários de ponta", avaliou Giovani dos Santos.
"Outro motivo é a falta de renovação de atletas. Os africanas revezam a participação em provas porque têm quantidade suficiente de atletas para fazer isso. O Brasil tende sempre a utilizar os mesmos fundistas em todas as provas, o que gera desgaste e diminui a competitividade", completou.
O fundista mineiro, inclusive, é favorito na prova masculina deste ano. Nas últimas quatro edições ele terminou na quarta colocação -foi o melhor brasileiro nas três últimas. Neste ano, ainda conquistou pela terceira vez seguida a Volta da Pampulha, em Minas Gerais.
Os principais adversários do mineiro são o etíope Tariku Bekele, campeão em 2011, e o queniano Mark Korir, vice na São Silvestre do ano passado.
"No Brasil, nossa sensação é que não há renovação. Sempre vemos as mesmas competidoras. As escolas poderiam incentivar mais. Faz muita diferença para um atleta ele iniciar cedo no esporte. Os treinos têm mais efeito, o desenvolvimento é feito de forma correto. Não adianta procurar talentos com os campeonatos em disputa", disse Joziane.
"Todo ano falam do jejum de títulos. É mesmo um jejum. Mas nas condições atuais temos de pensar em buscar o melhor resultado, buscar o pódio pelo menos", resume Sueli, ao admitir que o favoritismo da prova está com as quenianas Priscah Jeptoo, campeã da prova em 2011, e Nancy Kipron, vencedora no ano passado.