O aluguel pago pela Vila dos Atletas durante a Olimpíada de 2016 será quase seis vezes o previsto no dossiê de candidatura da Olimpíada do Rio, divulgado em 2009, aponta relatório do TCU (Tribunal de Contas da União). O valor pelo uso dos apartamentos subiu de R$ 46 milhões para R$ 255 milhões.
O custo está a cargo do comitê organizador dos Jogos, financiado por recursos privados de patrocínios e venda de ingressos. Mas auditores temem que o valor contribua para criar um déficit da entidade, que seria coberto com recursos públicos.
A Vila dos Atletas está sendo erguida pela construtora Carvalho Hosken e a empreiteira Odebrecht. A comercialização das 3.604 unidades, que serão entregues após os Jogos, já foi iniciada.
De acordo com o TCU, a Carvalho Hosken e o COI firmaram compromisso em que definiam o preço do aluguel em US$ 19 milhões -R$46 milhões em valores atuais, segundo o tribunal- para uso e reconversão dos apartamentos à planta original.
Contudo, o comitê organizador concordou em pagar R$ 255 milhões. O valor será pago diretamente à Caixa Econômica Federal para saldar parte das parcelas do financiamento dado pelo banco.
O valor paga pouco mais de 10% da obra, calculada em R$ 2,33 bilhões.
Além do financiamento da Caixa, as empresas tiveram benefícios urbanísticos.
"ORELHADA"
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), defendeu o preço cobrado e criticou o TCU. Segundo ele, as informações provêm de "orelhada".
Paes afirmou que o aumento de preço se deve à ausência de empréstimo subsidiado da Caixa, previsto no dossiê de candidatura.
"O financiamento da Vila dos Atletas é exatamente o mesmo financiamento que qualquer empreendimento imobiliário tem. Na candidatura tinha uma carta da Caixa prevendo juros subsidiado. Essa parte esqueceram de colocar no relatório", disse.
O prefeito afirmou que o subsídio foi dado à Vila dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, e criou prejuízos à Caixa. O TCU e o Ministério Público Federal fizeram questionamento ao financiamento e aos aluguéis pagos pelos apartamentos no evento.
Procurados, o comitê organizador e o consórcio Ilha Pura não se pronunciaram até a conclusão desta edição.
A Caixa informou, por meio de nota, que seu papel foi de instituição financiadora "em uma operação tradicional, amplamente praticada pelos bancos que atuam no mercado imobiliário".